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Prédios ecológicos vão gerar energia

Da coluna de Estela Benetti (DC, 30/04/2012)
A paisagem da Praia Novo Campeche, no Sul da Ilha de Santa Catarina, ganhou uma nova atração. O empreendimento imobiliário Neo Next Generation, idealizado pelo arquiteto, urbanista e empresário da construção Jaques Suchodolski, que tem cobertura branca arredondada e duas hélices geradoras de energia eólica se destacando no horizonte. Dá para dizer que são os dois prédios mais sustentáveis do país. Cada item foi considerado nos mínimos detalhes, começando pela compensação das emissões da construção, sistema de geração de energia solar e eólica que reduz em 50% a conta de luz dos 24 apartamentos, revestimentos especiais e mais uma série de detalhes. Mas todo esse zelo ganhou um plus expressivo com a aprovação da nova lei de microgeração de energia pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Pela nova legislação, os microgeradores poderão fornecer energia ao sistema elétrico nacional e, assim, reduzir ainda mais os seus gastos com a conta de luz ou até ter superávit. O Neo está a 300 metros da praia, com vista para o mar, entre as praias do Campeche e Joaquina. Segundo Jaques, todos esses diferenciais valorizam em cerca de 30% os imóveis. O preço dos apartamentos varia de R$ 540 mil até R$ 1,3 milhão (as coberturas). A conclusão da obra está prevista para junho próximo.
Jaques Suchodolski
Arquiteto, urbanista e sócio-fundador da Asas Incorporações e Habitat Ltda, de Florianópolis. Jaques Suchodolski, 56 anos, é nascido em São Paulo, capital, mas optou por morar na Ilha de SC há cinco anos. Graduado em Arquitetura pela USP (FAU) e com mestrado em Desenho Urbano no PICCED – Pratt Institute de Nova York, Jaques participou de projetos como a reurbanização das marginais de rios da capital paulista e da revitalização urbana da região do Harlem, em Nova York. Também trabalhou com os renomados arquitetos Paulo Mendes da Rocha e Joaquim Guedes. É casado com a produtora de moda Flávia Suchodolski, com quem tem um casal de filhos. Tem mais dois filhos do primeiro casamento.
Por que o empreendimento Neo Nex Generation é especial?
Jaques Suchodolski – Fizemos prédios superavançados na área de sustentabilidade, com o que existe de tecnologia de ponta no momento. Instalamos duas turbinas eólicas da Urban Green Energy, dos EUA, no topo dos dois prédios, combinadas com painéis solares (não fotovoltaicos) que irão suprir 100% da água quente utilizada pelo condomínio a partir de energias limpas. Essas duas fontes vão permitir uma economia anual estimada em R$ 43 mil no consumo de energia elétrica do condomínio. A autossuficiência na geração de água quente do projeto oferece aos futuros moradores um importante atrativo econômico. Se levarmos em conta que o aquecimento de água representa cerca de 50% de uma conta de luz residencial, temos uma redução proporcional no consumo total de energia elétrica de cada apartamento.
Que outros itens ajudam a economizar energia?
Jaques – Além dos detalhes estéticos, os prédios têm outros elementos, como a boa utilização da ventilação cruzada e da iluminação natural dos apartamentos, revestimento externo de tijoletas com estrutura e cor especificada por testes feitos em parceria com a Universidade Federal de Santa Cataina (UFSC), que garantem a melhor absorção térmica. Já a forma arredondada da cobertura é o elemento marcante da volumetria e fachada dos prédios, que faz composição integrada com a turbina eólica e os painéis solares, auxiliando no direcionamento do vento e do sol. Na área interna, os ambientes são amplos, esquadrias de PVC oferecem conforto térmico e acústico, há isolamento acústico entre os pavimentos e uso de metais sanitários economizadores de água. Cada apartamento tem medidor individual de água e energia e um sistema de tratamento de efluentes permitirá a reutilização de água para jargins e áreas comuns. Isso tudo permitirá aos moradores economizar cerca de R$ 500 mil em 10 anos.
Qual é a vantagem da nova lei de microgeração de energia da Aneel para o empreendimento?
Jaques – O que a Aneel publicou é uma lei que permite ao micro- produtor ou miniprodutor colocar a sua energia na rede e o seu relógio vira o contrário, então ele se credita nisso. O grande lance econômico é ligar na rede. E tem um avanço na legislação brasileira. Dentro da mesma rede, pelo seu CPF ou CNPJ, se você é micro e produz aqui, que tem vento, o seu crédito daqui abate o seu débito realizado em outro endereço. Com a nova postura da Aneel, o grande lance econômico vai ser ter um equipamento que permite ligar a energia na rede. Estou recebendo centenas de ligações de empresas e pessoas solicitando explicações sobre isso. É que ninguém fez essa ligação ainda, na prática. Nós estamos instalando aqui no Neo. O nosso sistema está pronto para ser ligado à rede da Celesc. As distribuidoras, a partir da publicação da lei, terão 240 dias oito meses) para se preparar para cumprir a nova lei. Pode ser que a Celesc adote antes.
Que detalhe técnico está dificultando aos microgeradores fazer a conexão com a rede de distribuição da Celesc?
Jaques – Para gerar energia e fazer ela entrar na rede são necessários equipamentos térmicos para fazer essa ligação, o que não existe no mercado no momento. Ninguém sabe fazer isso. Importamos equipamentos e desmontados, com engenheiros da Reivax, empresa de Florianópolis que faz startups de usinas. O ônus do pioneirismo não é fácil. Se a empresa faz essa primeira montagem, nos próximos meses poderá fazer mil. Tem gente, na Capital, desenvolvendo os primeiros aerogeradores. Nesse projeto pioneiro, encontramos diversos fornecedores em Florianópolis com os quais fizemos parcerias. O produtor dos painéis solares é da Ilha.
Que trabalhos desenvolveu em São Paulo e Nova York?
Jaques – Morei três anos em Nova York. Quando fazia o mestrado, participei do plano de reurbanização do Harlem, que foi uma experiência importante para a minha carreira. E quando Franco Montoro decidiu se candidatar ao governo do Estado de São Paulo, sua equipe me convidou para participar de dois comitês da campanha, um de urbanismo e outro de meio ambiente. Eu e um colega, José Pedro, fomos fundadores da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo, que foi a primeira do Brasil.
Notas
Emissões
Os dois prédios do Neo, na construção, contam com o selo de certificação Carbono OK. Para compensar as emissões, foram plantadas centenas de árvores na Ilha. Segundo o empresário Jaques Suchodolski, o exemplo de sustentabilidade do Neo pode ser seguido por outros empreendimentos, inclusive os shopping centers. A obra já conta com um apartamento decorado, onde os visitantes podem constatar a qualidade dos acabamentos internos e o conforto proporcionado por todos os detalhes que fazem a diferença no empreendimento.
Parcerias
Uma das principais parceiras de Jaques Suchodolski no projeto Neo é a arquiteta Marcia Barbieri, uma das sócias do escritório Arte Arquitetura, localizado na Lagoa da Conceição, na Capital que atua há quase 20 anos na criação de projetos residenciais e comerciais de alto padrão na região de Florianópolis. Atuando no projeto de interiores do condomínio Neo ao lado da arquiteta Tatiana Voigdlener, a Arte Arquitetura buscou traduzir uma proposta de integração total com a natureza, nas linhas arquitetônicas e na decoração dos espaços do condomínio.
Dos EUA
A decisão de fazer um prédio sustentável ao máximo levou o arquiteto a pesquisar fornecedores pelo mundo. Escolheu os aerogeradores discretos e belos da Urban Green Energy, de Nova York. Como achou o negócio atrativo para o Brasil, decidiu se tornar representante da fabricante americana na Grande Florianópolis. Outro detalhe tecnológico é que os moradores vão poder controlar a geração e o consumo de energia do Neo pelo iPhone.
A foto
Na foto acima, o empresário Jaques Suchodolski na cobertura de um dos prédios. Apesar da neblina, dá para ver o aerogerador do outro prédio que integra o empreendimento no Novo Campeche, Sul de Florianópolis. A entrevista foi feita no apartamento decorado do condomínio que terá até local para lavar pranchas de surfe.

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