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Por um trânsito mais democrático

Em 41 dias, foram registrados três acidentes envolvendo bicicletas na Capital, duas pessoas morreram e duas ficaram feridas
Ele pedala desde os seis anos de idade e se considera um bicicleteiro. Há 30 anos, Luiz Carlos Pereira, hoje com 54 anos, vai trabalhar de bicicleta. Todos os dias, ele faz o trajeto de 28 quilômetros, ida e volta, entre sua casa, no Campeche, Sul da Ilha e o Hospital Universitário, na Trindade, onde gerencia resíduos. Pereira só pega ônibus quando chove.
O carro, deixa na garagem. Assim como ele, muitos ciclistas querem garantir o direito de ocupar um espaço nas ruas. Mas pedalar na Ilha está cada vez mais arriscado. Desde o dia 3 janeiro, duas pessoas foram atropeladas e morreram na Capital.
– Uma lata de 1,2 mil quilos para carregar um corpinho de 60 quilos é uma estupidez ecológica. É muito gasto de energia para pouco movimento – afirma Pereira em defesa dos ciclistas.
Para ele, a bicicleta é uma academia física e espiritual. Suas reflexões são interrompidas quando ele precisa encarar a SC-405, no Sul da Ilha.
– Não tem ciclovia, os carros andam em alta velocidade e vão em cima da gente. Tenho várias cicatrizes de acidentes. O trânsito reflete a desumanização que a sociedade vive hoje. Potencializa o lado egoísta e estressado que existe dentro de cada um de nós– conta o bicicleteiro.
Ana Martins conta que já ouviu desaforos de motoristas de carros quando pedala em meio ao trânsito, frases como “vá para a calçada” e “bicicleta é confusão”. Ela faz parte do grupo de ciclistas Duas Rodas, que conta com mais de 400 pessoas cadastradas, em Florianópolis. André Piva, um dos fundadores do grupo, afirma que falta infraestrutura adequada. Para ele, as ciclovias são iniciativas bem-vindas, mas elas não impedem os riscos. Além de pequenas, não oferecem segurança, não fazem ligações com todas as regiões e, muitas vezes, são apenas uma faixa pintada no chão.
– Com a falta de ciclovias em muitas regiões, acabamos usando o acostamento das rodovias. Nem andar em estradas secundárias é viável porque em alguns locais da Ilha não existem estradas menores que sirvam como opção. Quem vem do Centro e quer ir para o Norte da Ilha, por exemplo, tem que enfrentar a movimentada SC-401, e não tem escolha – afirma.
Piva lembra que quando o grupo começou, em 2005, era difícil ver uma bicicleta fora da Avenida Beira-Mar. Mas que esta realidade vem mudando, aos poucos. Antes o grupo se reunia uma vez por semana, hoje eles pedalam de segunda a sábado.
– Os ciclistas ainda se deparam com motoristas que desconhecem as leis e estão acostumados a pensar, sem razão, que as ruas são só para os carros. O código nacional de trânsito estabelece que os motoristas mantenham um metro e meio de distância dos ciclistas, mas será que algum motorista já foi multado por não respeitar esta distância? – questiona.
(Por Aline Rebequi, Roberta Avila e Gabriela Rovai, DC, 20/02/2012)
Ciclista está internado há oito dias
Desorientado, esquecido e com muitas marcas pelo corpo, o ciclista Robson da Silva, 24 anos, foi transferido da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para o quarto do Hospital Celso Ramos, em Florianópolis, na última sexta-feira. Ele está no hospital há oito dias, desde que foi atropelado por um carro na Avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis.
Com o acidente, Robson sofreu um traumatismo craniano e vários arranhões nas pernas e nos braços.
– A bicicleta e a moto são os meios de transporte dele, mas não há mais condições de manter esta rotina. As ruas estão cada vez mais perigosas – afirma a mãe de Robson, a aposentada Dominga Ribeiro, 42 anos.
Robson trabalha como gari e mora em São José. Os médicos ainda não sabem se as sequelas do acidente ficarão para sempre. Hoje ele não tem noção de tempo, nem se lembra de histórias de sua própria vida.
No hospital o ciclista tenta se recordar do que aconteceu naquele domingo, mas não consegue. Robson diz que só lembra de dois fatos:
– Sei que pedalávamos na avenida, aí vejo muito sangue e mais nada – conta.
(DC, 20/02/2012)
Ciclovias não saem do papel
Sobre a ciclovia na SC-405, antiga reivindicação dos moradores do Sul da Ilha, o presidente do Departamento Estadual de Infraestrutura de SC (Deinfra), Paulo Meller, falou que a obra não foi prevista no projeto de construção da terceira faixa. Ele explica que em até 60 dias o projeto fica pronto e está sendo elaborado após audiência com moradores. Meller fala que ainda não tem data para o projeto sair do papel.
– As nossas rodovias são bem antigas e o uso de ciclovias e ciclofaixas é um hábito relativamente novo. Em todas as vias novas estão sendo feitas as ciclofaixas e faixas de múltiplo uso, parte para pedestre e parte para ciclistas – promete Meller.
O superintendente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), José Carlos Rauen, também chama a atenção para a extensão das rodovias estaduais que cortam a Ilha.
– As vias municipais têm muitas ciclofaixas, mas as estaduais só têm uma, na SC-401, no trecho entre Jurerê e Canasvieiras – reclama.
Rauen acredita que a bicicleta é um modal novo de transporte na cidade e tem que ser visto como meio de locomoção.
– Fizemos mais de 20 quilômetros de ciclovias e ciclofaixas na cidade. Temos um projeto de fazer bicicletários em Florianópolis para aluguel de bicicleta. O edital de licitação será lançado no mês de março – conta.
Para o coronel João Henrique Silva, especialista em trânsito e comandante da 1ª Região de Polícia Militar de Florianópolis, os locais de maior risco para os ciclistas são as vias com maior volume de tráfego e maior velocidade, como as rodovias estaduais, e aqueles sem ciclovias ou ciclofaixas.
– Não basta apenas o ciclista ver o trânsito, ele tem que ser visto. Usar roupas claras e materiais refletivos. E mesmo tendo preferência de passagem, ter a preocupação de que está sendo dada a ele a preferência. Os ciclistas não podem confiar nos outros. E devem lembrar que eles também são passíveis de ser multados e ter sua bicicleta recolhida – concluiu.
Ele lembra que a cortesia no trânsito deve ser praticada e deve haver respeito mútuo entre ciclistas e condutores de automotores.
– O cuidado se resume em respeito às regras de trânsito e entre as pessoas e também à educação para o uso das vias públicas – diz Silva.
(DC, 20/02/2012)

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