Terreno às margens da Via Expressa vira depósito de recicladora

Além dos materiais recicláveis muitas pessoas largam restos de móveis e até animais mortos no terreno

Às margens da Via Expressa, BR-208, no bairro Coqueiros em Florianópolis, moradores da rua Bayer Filho sofrem a mais de 10 anos com um lixão improvisado em um terreno que é de propriedade do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). Quem vive no entorno denuncia a falta de cuidado com o local, afinal, todos os dias há flagrantes de pessoas largando móveis, eletrodomésticos quebrados e até mesmo animais mortos no terreno. Unido a isso, uma recicladora da região aproveita o espaço para deixar seus materiais reciclados para facilitar a coleta pelos caminhões. O DNIT deve entrar com uma ação de despejo para que a recicladora não coloque mais entulho no local.

Em dias de vento forte, é quase insuportável permanecer na casa da aposentada Maria Terezinha, 67, que mora ao lado do terreno há 20 anos. O lixo espalhado voa para dentro da casa e o cheiro que vem dos dejetos torna a permanência na região quase insuportável. “Além disso, tem dias que os ratos e baratas invadem a casa”, reclama.

Se não bastasse o medo de doenças, a aposentada ainda precisa conviver com a marginalidade que aproveita a noite para usar drogas no terreno. “Em uma das vezes, eles colocaram fogo nos papeis. Chamamos os Bombeiros que passaram uma madrugada inteira tentando apagar o incêndio”, recorda Maria Terezinha.

A Prefeitura de Florianópolis garante que pouco pode fazer quanto ao terreno por ser de propriedade do DNIT. O secretário do continente, Deglaber Goulart, explica que constantemente envia equipes da Comcap (Companhia de Melhoramentos da Capital) para fazer a limpeza dos arredores. “Não temos como fazer a manutenção constante, mas na última semana estivemos lá e encontramos vários sofás e outros móveis jogados no meio da rua”, observa.

Proprietário diz que não tem autorização
Quase 150 toneladas de lixo reciclado saem por mês da empresa de reciclagem administrada por Mário Silveira. Ele explica que o galpão onde os seis funcionários fazem a organização do lixo é pequeno e, por isso, usa o terreno baldio para deixar o lixo ensacado antes que os caminhões cheguem para levá-los ao destino correto.

“Não tenho autorização da prefeitura para fazer isso, mas eu preciso do espaço”, assume Mário.
Mesmo com os ratos e outros inconvenientes, a aposentada Conceição Barbosa, 62, garante que prefere ver a recicladora trabalhando. Ela diz que costuma separar o lixo da casa e levar até o galpão. “Tem muita gente lá que nunca teria outra oportunidade de trabalho”, pondera. Para Conceição, a única mudança que poderia ser feita é a de um convênio com a Prefeitura, para evitar a quantidade de animais que sempre ficam pelo terreno. “Seria bom ter ao menos uma dedetização periódica para que os ratos não fiquem por aqui”, pontua.

A assessoria de imprensa do DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) confirma que o uso do espaço pela recicladora é irregular. A partir desta situação, o órgão deve entrar com uma ação de despejo e, se caso a empresa de reciclagem não respeitar a solicitação, haverá necessidade de se ingressar com uma execução judicial. Há possibilidade de o DNIT murar o terreno para evitar novos transtornos.

(Por Saraga Schiestl, DC, 09/11/2011)