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Calçadão da Deodoro é a rua das artes em Florianópolis

Calçadão da Deodoro, na Capital, vira ateliê oficial para um grupo de artistas

Se a ideia ganhar a adesão dos artistas, Florianópolis poderá transformar a Deodoro, uma das mais movimentadas vias do Centro, na Rua das Artes. O projeto da prefeitura divide opiniões. De um lado há os que veem a iniciativa como agregadora. Do outro há quem acredite que é mais uma ameaça aos vendedores que usam a calçada para a produção e comercialização de seus trabalhos. Implantado há um mês, o projeto encontrou a adesão de seis artistas.

Daniel Goulart é o pintor das casinhas coloridas que se destacam em frente às paredes desbotadas da Igreja Santo Francisco de Assis, na esquina da Rua Deodoro com a Felipe Schimdt. O vaivém de pessoas o dia inteiro não atrapalha em nada a concentração do artista. Cavalete, pincel e tinta a postos vai dando forma às suas imagens mentais e dando cor aos detalhes dos quadros.

Daniel está há 33 anos trabalhando na rua. Começou a pintar aos oito anos com o pai Semura, sob a Figueira da Praça XV. Hoje, nem imagina como é ficar trabalhando em casa. O pequeno ateliê de Daniel é o que mais chama a atenção do público. As telas são de tamanhos variados e são vendidas a partir de R$ 50.

– Sempre quis ver os artistas reunidos num só lugar. Foi a melhor coisa que aconteceu – resume Daniel.

– É legal ver alguém pintando ao vivo. A gente não tem muitas noção. Bacana a ideia deles se reunirem – diz o comerciário Aurélio Coelho.

Com uma pequena mostra de seus trabalhos, o desenhista Antonio Borges se destaca na esquina da Deodoro. Saiu do local que ocupava há 20 anos – ao lado do Ponto Chic – a contragosto. Temia pela mudança de endereço.

– A decisão veio de cima. Não foi perguntado se eu queria mudar. Foi uma imposição. No início fiquei um pouco desorientado, mas agora já noto até mesmo uma melhoria financeira – comenta.

As pessoas ficam admiradas com a perfeição do traço de Borges, que reproduz uma foto com perfeição. Ele diz que muita gente tem uma impressão errada de quem trabalha na rua, que são vistos como artistas marginais .

Por isso, ele faz questão de dizer que leva uma vida confortável e tem quatro filhos com curso superior. O preço de uma reprodução pode variar de R$ 50 a R$ 250.

– As pessoas nos veem trabalhando na rua e têm uma impressão errada da gente. Sou trabalhador como qualquer outro – diz Borges, ao comentar que não tem dado conta de atender a todas as encomendas que recebe.

O mais entusiasmado é Ivo Silva. Pintor que vê na rua a possibilidade de popularizar seus trabalhos e, de quebra, incrementar as vendas das pinturas que assina. A tela mais barata custa R$ 190, preço que ele considera acessível ao público.

– Aqui param, em média, 150 pessoas por dia, o que pode representar 4 mil por mê s – estima.

Há dois anos em Florianópolis, o paulista Raul Xavier encontrou na rua o espaço para exercitar suas habilidades artísticas. Faz pintura, escultura, mas é o desenho que mais toma seu tempo.

– Estar na rua é interessante porque você quebra aquele estigma de que a arte é só para a elite. A rua muda isso, o trabalho se expande, se aproxima das pessoas. Você não precisa sair pelo mundo para mostrar o trabalho. O mundo vem até você. Sempre tem turistas de todas as partes passando aqui no Centro da Ilha – observa.

Enquanto termina o retrato de uma jovem, Raul é observado com admiração por Lisete Hartmann. Moradora de Saudade, no Oestecatarinense, estava na Capital por conta de compromissos profissionais e aproveitou par dar uma caminhada no Centro.

– Achei lindo. Os artistas merecem um lugar para trabalhar e serem vistos pelas pessoas, Mas se os artistas estão encantados, o artesão Rodrigo Santiago está preocupado.

– Eles nos colocaram aqui, mas quem garante que não vão nos tirar? Dias atrás, tive material meu apreendido pela fiscalização. Fui várias vezes na prefeitura e, até agora, não consegui liberar. Sinceramente, não sei se é uma boa – afirma Rodrigo.

(Por Jacqueline Iensen, DC, 22/06/2011)

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