Alto astral e mistério na Alfândega
18/04/2011
Planejamento
18/04/2011

Em cada caverna da Capital, uma história

Se você acha que Florianópolis é feita só de praias está enganado. Uma – ou nove – das belezas da Ilha se esconde na mata e é um convite ao passeio em meio à natureza

Com um facão na mão, o antropólogo Adnir Ramos desaparece dentro da mata, na região da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Quase meia hora depois, grita lá de dentro:

– Achei a caverna!

É uma grande pedra sobreposta a outras menores. Dentro, há pinturas brancas, com pontos, flechas e losangos. Seria uma manifestação pré-histórica, como as inscrições rupestres, ou a façanha de algum engraçadinho.

Esse é um dos mistérios. O outro é saber o número de cavernas da Ilha da Magia. Nem a prefeitura nem o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) têm um levantamento sobre o número de cavernas na Capital. O Diário Catarinense encontrou nove.

Além do fascínio que exercem sobre os aventureiros, as cavernas de Florianópolis fazem parte dos grandes cenários na ilha. No Sul, por exemplo, uma delas fica em um costão, entre o Pântano do Sul e a Lagoinha do Leste, talvez a praia mais exótica de Florianópolis.

As cavidades ainda são fontes de histórias curiosas. Na Ponta do Gravatá, conhecida como a Cabeça do Dragão, um inglês escavou o chão: procurava o túnel que daria acesso a uma esfinge de ouro. Não achou nada. No extremo-norte, uma peculiaridade: a Gruta do Rei é habitada. A reportagem não encontrou o morador do lugar, mas uma porta de madeira trancada com um cadeado enferrujado impede a entrada de visitantes no local. Nas redondezas há, inclusive, árvores de mamão e laranja.

Mas é a Gruta das Pinturas a mais intrigante, tanto que virou uma espécie de lenda urbana. Quem pesquisar sobre as cavernas de Florianópolis na internet deve chegar ao Wikipédia. O texto diz que há seis cavernas, uma delas “tem a sua localização mantida em sigilo por um professor da UFSC, já que abrigaria antigas inscrições rupestres”.

Para o Iphan, as pinturas são contemporâneas. Por e-mail, o órgão informou que o arqueólogo Rossano Lopes fez uma análise no lugar em 2004. “Quanto à visita do arqueólogo, o mesmo constatou não serem pinturas antigas em conversas informais com a equipe de arqueologia da época. Hoje não existe nenhuma caverna no Estado de Santa Catarina reconhecida como patrimônio arqueológico”.

Para Adnir e Keller Lucas, outro pesquisador das manifestações pré-históricas, há semelhanças dos desenhos com as inscrições rupestres. Segundo eles, só uma análise minuciosa vai acabar com o mistério. A pedido do DC, uma arqueóloga, que pediu anonimato, analisou as imagens. Disse haver indícios de a pintura ser contemporânea. Argumentou que em alguns locais a pedra estava lascada, mas a tinta permanecia por cima do estrago.

– Há várias coisas curiosas na Ilha que deveriam ser estudadas. Muitos turistas vêm até nós procurar cultura. Florianópolis não feita só praia e cerveja. Esses locais precisam ser preservados – avalia Adnir.

(DC, 17/04/2011)

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