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Comunidade do Papaquara: Área passará por reflorestamento

Depois da enchente de janeiro, catadores de lixo que moravam no local, na Capital, foram retirados de região à beira do rio.

A área de preservação permanente (APP) de cerca de 6 mil metros quadrados às margens e no entorno do Rio Papaquara, em Canasvieiras, em Florianópolis, será reflorestada.

A recuperação foi anunciada, ontem, pelo prefeito Dário Berger, que prometeu tratar com rigor a fiscalização em APPs. A prefeitura se comprometeu a pagar aluguel social e auxílio-reconstrução para as 58 famílias, a maioria recicladores de lixo, que moravam e trabalhavam no local.

A família da recicladora Tereza Moreira da Silva, 60 anos, está morando na Rua Braulina Machado, a 300 metros da área que será recuperada, no terreno comprado com os benefícios que recebeu da prefeitura. O temor agora é perder o local de trabalho, que sustenta pelo menos 45 parentes. As outras estão morando na região, com o aluguel social.

– Meu medo é tirarem minha reciclagem – diz Tereza, que acorda às 4h para arriar o cavalo Clou e sair com a carroça à procura de lixo.

Dois postos de reciclagem, na Vila Aparecida e no Itacorubi, foram colocados à disposição pela prefeitura. Percorrer a distância entre Canasvieiras e esses locais, de carroça, é impossível, de acordo com as famílias e a própria prefeitura.

– Vamos planejar a melhor forma de levar o material. O trabalho deles está garantido. Vamos visitar as famílias e esclarecer como funciona – afirmou a diretora de proteção social da Secretaria de Assistência Social da Capital, Elizabete Maria Goulart.

A área, de 6 mil metros quadrados onde mil mudas de espécies nativas típicas de manguezal e restinga deverão ser replantadas a partir da segunda quinzena de março, começou a ser ocupada em 2002.

No passado, dava até para pescar no Papaquara

Antes, no local, era possível, inclusive, conviver com a fauna local, até com jacarés. Segundo moradores antigos, no passado era possível pescar robalo, parati, tainhota e siri no Papaquara, mas, segundo eles, há 20 anos a prefeitura não draga o rio.

– Parte do rio será desassoreado. Hoje, ele contribui para a poluição do balneário da Daniela e da Reserva de Carijós – disse o prefeito.

Por causa do lixo e do esgoto que vêm de Canasvieiras – que provocaram o assoreamento do rio –, somados à falta de dragagem e enchentes, a comunidade do Papaquara sofreu com as inundações. Só a família de Tereza passou por três em oito anos. Na última, no último dia 21 de janeiro, ela e os parentes conseguiram recolher a geladeira, o fogão, a máquina de lavar e os documentos.

Emanuelly nasceu no abrigo

Depois da última enchente, a Defesa Civil interditou as casas da comunidade do Papaquara, demolidas no último dia 17, pela prefeitura.

– Não sou de chorar, mas chorei quando vi desmanchando minha casa. Nossa vida era sofrida, mas era feliz – recorda Tereza, que foi morar em um abrigo da prefeitura, mas nunca deixou de levar água e ração para o cavalo Clou. Na época, ela pediu para Nossa Senhora Aparecida que lhe desse uma casa.

A procuradora Analúcia Hartmann, do Ministério Público Federal (MPF), viu a pobreza em que viviam as famílias, em meio à sujeira, esgoto e sem energia elétrica, e cobrou solução do município. A prefeitura ofereceu abrigo, auxílio-reconstrução de R$ 10 mil e aluguel social de R$ 400 mensais por seis meses para cada família.

O segundo abrigo dos recicladores, o ginásio de uma escola, foi o primeiro lar de Emanuelly, 26 dias, neta de Tereza. A mãe de Emanuelly, Jennifer, 17 anos, foi grávida para o ginásio, deu à luz, e voltou para o abrigo, onde montou um bercinho com bichinhos para sua segunda filha.

– Para dar mais enfeitinho perto dela. É triste ter filha aqui, não poder entrar na casa da gente – disse Jennifer na época.

Hoje, mãe e filha estão morando com familiares até que a casa própria fique pronta.

– A vida está melhor. Agora falta construir nossa casinha no terreno que a gente comprou – disse Jennifer, que vai pintar a casa de verde.

E, aos poucos, a vida, antes destruída, volta ao normal.

– Estamos bem, as crianças todas estão na escola – diz Tereza, que é analfabeta, ao lado da neta Ana Paula, 12 anos, que sonha ser bailarina.

(Por Gabriela Rovai, DC, 01/03/2011)

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