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Turismo de coliforme fecal

Da coluna de Fábio Brüggemann (DC, 25/02/2011)

Atenção, atenção, turista. Venha para a Ilha de Nossa Senhora dos Aterros, o melhor lugar do mundo para se visitar, em qualquer estação. Conheça as famosas placas “Praia imprópria para banho” e fique apenas na vontade de mergulhar. Não precisa trazer roupa de banho, a não ser que queira pegar uma virose, uma das grandes atrações desse verão. Ainda por cima, você poderá presenciar in loco os coliformes fecais mais visíveis do planeta.

Aqui, patrimônio histórico não tem vez. Assista ao tombamento literal de uma cidade. Veja também os assassinatos de jovens ligados ao tráfico, na média de um por dia. Um dos atrativos mais emocionantes e tradicionais é esperar quase 40 minutos no ponto de ônibus, quase sempre lotado, afinal, você está vindo para uma das cidades com a pior mobilidade urbana do mundo. Ah, não vá embora antes de ser roubado, atropelado ou, se tiver sorte, sofrer um emocionante sequestro relâmpago.

Venha ver as belas praias onde a inteligência humana joga lixo, esgoto e pedras no mar. Venha ver os belos monumentos a céu aberto, como o da Polícia Militar e o da Maçonaria, obras primas da arte local. Ah, não deixem de visitar o belíssimo merdário, uma obra genial da arquitetura ilhoa, bem na cabeceira da ponte. De brinde, dependendo da direção do vento, você ainda sente o cheirinho intestinal da elite local.

Venha, venha ver os aterros mais lindos da natureza, onde as árvores são fantasmas e as pessoas não precisam caminhar, atividade, aliás, do século passado. Em Nossa Senhora dos Aterros você poderá presenciar um dos maiores espetáculos da falta de senso coletivo. A cada dez automóveis que passam, nove tem apenas uma pessoa. Pedale pelas ciclovias mais seguras do mundo, onde você fica, veja só, a apenas trinta centímetros dos automóveis, numa aventura alucinante.

Venha assistir ao vivo o maior descaso praticado contra a natureza. Venha, mas venha logo, antes que esse grande espetáculo de estupidez, descaso e ignorância política afunde no mar para sempre, bem juntinho aos coliformes fecais da Lagoa da Conceição.

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0 Comentários

  1. Guilherme disse:

    Sem falar da mobilização política da população que, preocupada com as questões da capital, se manifesta pegando uma prainha, se empanturrando em restaurantes instalados em áreas de preservação permanente, e curtindo umas festas nos points mais badalados da cidade, sempre bêbados e dirigindo.

  2. Paulo Valente Ferreira Neto disse:

    O primeiro impasse está entre o público e o privado, pois um fica jogando a responsabilidade no outro e no final ninguém se compromete e ninguém faz. Enquanto isso a comunidade local se sente excluída do processo e também não se compromete.

    O primeiro passo é uma sensibilização de todos e principalmente a definição de papéis e a atuação mais efetiva do poder público, que devido a troca de gestores tudo volta a estaca zero.

    Os conflitos são desencadeados por interesses divergentes dos atores sociais, em que em algumas situações como o retorno fácil e rápido, é mais relevante que implementar uma atividade justa e planejada, pois requer tempo, e neste sentido, é importante que a atividade deve ser entendida como um processo onde há etapas para serem planejadas e executada. No entanto, é necessário que tais atores sociais, representados pelo poder público, privado e a sociedade, sejam sensibilizados e mobilizados para chegar a um senso comum, em que cada um terá a sua competência que garanta a sustentabilidade do local, onde todos os participantes desse processo serão beneficiados .

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