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01/07/2010
Reciclagem
01/07/2010

Molhe da Armação causou efeito dominó

Conclusão de estudo da Defesa Civil de Florianópolis diz que trapiches alteraram condições naturais das praias. Enquanto a faixa de areia aumentou em alguns pontos, em outros, sumiu. Sem a proteção natural da areia, os efeitos da ressaca foram se alastrando.

Os molhes da Armação do Pântano Sul, no Sul da Ilha de Santa Catarina, e Barra da Lagoa, no Leste, têm causado ressacas em efeito dominó em diversas praias. Os estragos começaram em abril deste ano. A conclusão é da Defesa Civil municipal de Florianópolis e foi divulgada ontem.

Enquanto a faixa de areia aumentou em alguns pontos, em outros, sumiu. Sem a proteção natural da areia, os efeitos da ressaca foram ampliados e serão sempre lembrados pelos moradores que viram suas casas serem tragadas pelas águas.

A conclusão sobre a ressaca na Praia do Campeche, no Sul da Ilha, chama atenção: mesmo sem ter molhe, a praia sofreu os efeitos da construção do trapiche da Armação.

De acordo com o geocientista voluntário da Defesa Civil, responsável pela elaboração dos laudos sobre a Armação, Barra da Lagoa e Campeche, os molhes alteraram a deriva litorânea, também chamada de corrente marinha, e provocaram um efeito dominó nas praias próximas. Com os molhes, o sistema dinâmico natural de erosão e sedimentação da praia foi alterado, o que provocou uma erosão acentuada na Armação e o sumiço da faixa de areia.

Sem uma barreira natural para interromper o processo, ou uma medida definitiva de recuperação da praia, o fenômeno teve um efeito dominó: as praias próximas foram se “contaminando” e sentiram os efeitos da ampliação do molhe da Armação.

Na Praia do Matadeiro, no Morro das Pedras e no costão da Joaquina a faixa de areia engordou; na Armação e no Campeche, diminuiu.

Sato destaca que o problema ficou confinado à área entre Armação e Campeche porque o paredão de rochas, na Joaquina, proporcionou uma contenção natural da mudança drástica na linha de costa.

A erosão foi constatada por meio de análises de fotos áreas das três praias, desde 1938 até 2010, obtidas no Geoprocessamento Corporativo da prefeitura e o Google Earth.

Erosão não acontece apenas em Florianópolis

De acordo com Sato, outras cidades do litoral catarinense também sofrem os efeitos da erosão causada pela construção de molhes. As praias de Balneário Camboriú, Barra Velha e Itajaí são alguns dos exemplos. Para o geocientista, como medida preventiva, o poder público deveria fazer um mapeamento dos molhes no Estado e levantar a taxa de erosão e sedimentação de cada uma das praias.

Em Florianópolis, as construções dos molhes da Armação e da Barra da Lagoa são anteriores à legislação ambiental do Estado, que foi instituída em 1981. Por essa razão, nenhum deles passou por licenciamento dos órgãos competentes. Na Fatma e na Floram não há registros das obras e as histórias dos molhes estão apenas na memória dos moradores.

Na Armação, de acordo com o presidente da Associação de Pescadores, Fernando Sabino, a obra foi feita em 1772, pela Companhia Baleeira da Armação. Não se sabe bem ao certo com que finalidade, mas o pescador acredita que o molhe foi feito para auxiliar os moradores da época, que viviam da caça às baleias.

– Diferente do que muita gente pensa, o molhe não foi feito na década de 1990 para a construção da passarela. Ela foi feita em cima dele.

Na Barra da Lagoa, a construção é mais recente. Segundo o presidente do Sindicato dos Pescadores de Santa Catarina, Osvanir Gonçalves, o trapiche foi feito no final da década de 1970 para manter permanentemente aberto o canal entre a Lagoa e a praia.

– Às vezes, o canal se fechava e se transformava numa praia com muita areia – afirma.

Tem Solução

Para resolver o problema da erosão na Armação do Pântano do Sul e acabar com o efeito dominó nas praias vizinhas, a Defesa Civil propõe a recuperação da praia. Para isso, seria preciso:

Alterar o sentido da corrente marinha, com a retirada imediata do molhe entre a Praia do Matadeiro e a Praia da Armação;

Desviar o leito do Rio Sangradouro para que volte a correr no sentido à Praia da Armação

Desassorear o Rio Sangradouro

Aumentar a faixa de areia, com o processo de engordamento (retirada da areia do mar, por meio de dragas, para ser depositada na beira-mar e alargar a praia)

(Por Francine Cadore / Colaborou Mayara Rinaldi, DC, 01/07/2010)

Moçambique poderá ser atingida

O efeito dominó também poderá ser sentido nas praias próximas à Barra da Lagoa, alerta o geólogo da Defesa Civil, Rodrigo Sato.

A Praia do Moçambique poderá sofrer pontos de erosão, nos quais a faixa de areia irá diminuir, e em outros, poderá sofrer o acúmulo de sedimentos, nos quais a faixa de areia disponível poderá se alargar.

Ele comentou que, desde meados de 1990, o cenário na costa mudou muito na Barra da Lagoa. Cerca de 50 metros de areia já foram engolidos pelo mar por causa do molhe. De acordo com Sato, a tendência é que a areia suma ainda mais.

Ele afirma que ações preventivas podem conter o sumiço da praia, mas ressalta que o enrocamento, como o que está sendo feito na Armação, não é a alternativa ideal. Para ele, o engordamento da faixa de areia é a solução.

– Se não for bem feito, o enrocamento pode inviabilizar o balneário e a pesca na praia. O mar tende a causar a deriva dos blocos de rocha para o interior da praia e muitas vezes para baixo da linha da costa, o que causaria “pontos cegos” para banhistas e pescadores desavisados.

Ele sugere alterações no molhe para que a praia seja recuperada. Propõe a abertura da foz da Lagoa e o fechamento do molhe com comportas. Quando os pescadores quisessem ancorar os barcos para pescar e descarregar o pescado, teriam a entrada e saída controladas pelas cancelas.

– As comportas não destruiriam o molhe, não influenciariam mais no sentido da corrente marinha e não estragariam o ecossistema.

(DC, 01/07/2010)

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2 Comentários

  1. vera caldeira disse:

    O Homem faz e depois não sabe como consertar. Tudo é muito perfeito quando naõ tem a interferncia humana. Na minha opinião Deus tambem errou quando deu livre nos deu o livre arbitrio, pois sempre queremos fazer do nosso jeito e da nisso……

  2. vera caldeira disse:

    O Homem faz e depois não sabe como consertar. Tudo é muito perfeito quando naõ tem a interferencia humana. Na minha opinião Deus tambem errou quando deu o livre arbitrio, pois sempre queremos fazer do nosso jeito e da nisso……

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