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O Mercado Público de Florianópolis vai mudar. Não na estrutura física, mas na ocupação de seus espaços – e nos donos destes espaços. Por decisão da Justiça, a prefeitura tem seis meses para fazer licitação das lojas do mercado. E poderá aproveitar para aumentar a variedade de atividades e de produtos à venda por lá. A decisão divide opiniões e virou o assunto principal nos corredores do charmoso e tradicional prédio no Centro da Capital.
Desta vez parece não ter volta. O Mercado Público de Florianópolis vai mudar. Novo tipo de comércio? Novos espaços internos? Nova estrutura física? As respostas ainda não estão 100% prontas. Mas se depender da Justiça e da vontade política da prefeitura, haverá mudanças principalmente em relação ao que é comercializado nos boxes.
Conhecido como um dos espaços mais democráticos da Ilha, de lazer, de encontro, de “fofocas” e de samba, o Mercado deverá passar por recomposição. A alteração prevista é onde estão os mais de 100 comerciantes. A maioria está ali há décadas, seja pelo negócio herdado da família, seja por compra de antigos donos.
Uma decisão judicial determina que a prefeitura faça, em até seis meses, a licitação para escolher as empresas que ficarão à frente dos negócio. Mas ainda não se sabe se será por preço ou produto. Muito menos o tempo de cessão.
Quem definirá as regras é o prefeito de Florianópolis, Dário Berger (PMDB). Desde a sentença da Justiça, no mês passado, Dário deixou claro que ninguém está autorizado a falar por ele sobre as mudanças. O objetivo parece ser evitar desgastes com os comerciantes. Mas o prefeito decretou: quer um “mix” de produtos e serviços nos boxes que retrate a cultura e a tradição da Ilha.
Isso significa que algumas lojas poderão desaparecer? Ninguém sabe ainda. Pela lógica, para seguir com o negócio, os atuais lojistas terão de participar e vencer a licitação.
– É evidente que existe um desejo social de mudança. Mas será que é necessário remodelar tudo? – reflete Dário, ao ser indagado sobre como será o novo Mercado.
Intenção é não privilegiar somente o aspecto comercial
O grande impasse entre as autoridades é a Ala Norte, onde a maioria das lojas é de revendedores de calçados. É a ala destruída pelo incêndio de 2005 e que foi revitalizada. Há quem questione a quantidade de lojas desse setor e alguns produtos falsificados que seriam vendidos ali.
O vice-prefeito João Batista Nunes (PR) reconhece que a Ala Norte não apresenta a condição ideal naquilo que a prefeitura deseja. Para ele, é preciso criar um corredor cultural e não privilegiar apenas o aspecto comercial e de um só segmento. O vice defende um projeto turístico e comercial para essa ala.
O representante comercial Fabricio Anzoategui, 34 anos, é frequentador do Mercado. Busca principalmente peixes e camarões. As queixas dele são comuns no ambiente: os produtos contrabandeados, a não aceitação de cartão de crédito ou débito por alguns boxes da Ala Sul, a precariedade dos banheiros e o cheiro das fossas.
O secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, José Carlos Rauen, afirma que a prefeitura irá revitalizar o Mercado a partir dos valores pagos pelos comerciantes vencedores da licitação. O prefeito, o vice e o secretário avaliam que não há mais como evitar a abertura desse processo. Citam, por exemplo, algo semelhante ao que ocorreu no Terminal Rodoviário Rita Maria, onde também houve licitação para os espaços comerciais.
(Por Diogo Vargas, DC, 08/06/2010)
Comerciantes estão apreensivos
Atrás dos balcões, o clima voltou a ser de inquietação e apreensão entre os comerciantes do Mercado Público. Eles estão preocupados com a notícia da licitação e a possibilidade de o prefeito vetar a lei que daria prazo de 15 anos até o processo ser aberto.
Um dos negócios mais antigos do Mercado Público está na Ala Sul. É o Alvim Bar e Fiambreria, de Alvim Nelson Fernandes da Luz, 68 anos. Ele herdou do pai o comércio de carnes e bebidas. Tinha 20 anos quando começou a trabalhar ali. Alvim não sabe se haverá indenização nem o valor que pediria nesse caro.
Ainda mais conhecido é José Isaltino da Rosa, 73 anos, o Zé do Box 36 A. Ele define como injustiça a possível saída dos atuais comerciantes. Zé atua à frente do tradicional ponto de venda de salgados típicos como a almôndega e o pastel de camarão. Ele ganhou a receita da sua tia, que hoje tem 102 anos.
– Não temos condições de enfrentar os grandes comerciantes numa licitação. Sem falar que temos contrato e sempre pagamos em dia as taxas da prefeitura. Se a gente sair, a história do mercado vai acabar – lamenta Zé, uma figura conhecida por clientes.
Zé afirma que não dorme mais tranquilo com a dúvida sobre o futuro do seu negócio.
Apesar de estar na Ala Sul, defende a permanência dos revendedores da calçados da Ala Norte. Para ele, o preço é bom e acessível a quem não tem condições financeiras de comprar em outras lojas.
Dono de uma loja de utensílios no Mercado, José Prudente Morais, 75 anos, do Bazar Mansur, suspeita que há comerciantes irregulares, mas defende a categoria. A mulher dele herdou o ponto da família após 60 anos de atividades. Cirurgião dentista aposentado, há dez anos Prudente trabalha no comércio pela tradição e para ter o que fazer.
– Eles têm que estudar caso por caso – defende o comerciante sobre a ação da prefeitura.
Dentro do prédio histórico, o assunto da licitação é praticamente um tabu. Há comerciantes que se irritam com essa possibilidade, que não aceitam dar entrevistas e não autorizam imagens do negócio. Ao registrar o movimento da Ala Norte na semana passada, o DC foi abordado por guardas municipais. Disseram que comerciantes estavam descontentes com a presença da reportagem.
“Vamos recorrer em todas as instâncias”
A licitação será antecedida por “briga judicial”. O presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Público, Oreste Melo, anunciou que a entidade vai tentar derrubar a licitação em todas as instâncias judiciais possíveis. Melo espera que o prefeito não determine a concorrência.
Se determinar, acredita que os vereadores não vão autorizá-la e manterão o prazo de 15 anos, conforme aprovaram em projeto de lei que ainda não foi sancionado pelo prefeito. Oreste Melo afirma ainda que a licitação dos boxes poderá desfigurar o jeito “mané” e o aspecto histórico do Mercado Público.
– Isso (licitação) pode gerar um problema social e acabar com a ‘manezice’ histórica com mercado. Imagine como seria se comerciantes do Rio de Janeiro, Bahia ou Brasília assumissem algum box? Seria uma coisa completamente desfigurada – pensa o presidente da associação.
Uma das polêmicas antigas em torno do Mercado Público é o horário do funcionamento. Os bares costumam fechar antes das 21h e não abrem aos sábados à tarde e à noite e nem aos domingos. Nos sábados, as lojas também fecham suas portas à tarde e aos domingos.
Nos feriados, nada funciona no local. Os turistas precisam se contentar em tirar fotografias somente da fachada do prédio.
(DC, 08/06/2010)

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