Mostra Olhares, de Rodrigo de Haro, abre temporada na galeria do BRDE

Olhar é o ato mais livre do ser humano. Não dá para domesticar, impedir, comandar, censurar. O olhar tem autonomia. Mesmo quando não queremos, ele dá uma escapadinha e vai logo registrando uma cena e depois outra. São esses olhares que o pintor Rodrigo de Haro explora na exposição que abre hoje (01/03/2010), a partir das 19h, no Espaço Cultural Governador Celso Ramos, do BRDE, em Florianópolis.

Este será um ano especial para Rodrigo. Oficialmente ele completa 50 anos de arte, mas seu envolvimento com a forma e o conteúdo vem da infância. Na mostra Olhares, apresenta o óbvio, mas aquele que as pessoas, por pressa ou insensibilidade, não conseguem enxergar. Olham mas não veem.

Em exposição, uma variedade de trabalhos recolhidos no ateliê, localizado no alto da colina da Lagoa da Conceição, que retratam as diferentes fases e facetas de Rodrigo de Haro. A seleção passa por aquarelas, ilustrações e telas pintadas à tinta acrílica, resumos de olhares que Rodrigo recolheu ao longo da vida. Cenas que entrelaçam misticismo e realidade. Uma pequena mostra do que arrebatou o olhar curioso e teimoso do artista plástico.

“O ponto mágico da luz trabalha com sombra e nela se amplia pelos confins da tela até então apenas pobre aposento vazio, sem realidade”, escreve Rodrigo em Na Pequena Introdução em Forma de Ensaio onde apresenta a mostra.

– Todo o corpo serve para sustentar os olhos. A pintura educa o olhar – comenta Rodrigo.

O pintor não consegue separar trabalho e lazer. Para ele, trabalho é sinônimo de prazer. Tanto que está com oito livros prontos para publicação, um deles destinado ao público infantil. E nos próximos meses, Rodrigo será visto em atividade bem em frente ao Espaço Cultural do BRDE. Na fachada do Clube Doze, vai dar forma ao antigo sonho ao executar o mural A Festa, criado a partir do olhar que revelou na retina do artista, um ponto cego no Centro da Capital.

A mostra Olhares abre a temporada de exposições do espaço Cultural do BRDE.

(Por Jacqueline Iensen, DC, 01/03/2010)