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Tem praia do outro lado

Para Júlio da Rosa levar em seu carro os 12 parentes e amigos que o acompanham são duas viagens. Como ele mora no Jardim Atlântico, na região continental de Florianópolis, a empreitada só é viável porque a praia de escolha é a de Itaguaçu, também no Continente. A turma de Júlio não é a única: a tarde ensolarada de ontem lotou a areia ali e lembrou os tempos em que, antes da poluição, a região de Coqueiros era o banho de mar mais badalado da cidade.

Domingo de sol é sinônimo de praia cheia na porção insular da Capital. Mas o lado continental também tem praias. E algumas delas despoluídas.

Os cerca de 30°C registrados ontem em Florianópolis levaram muita gente a praias tradicionais, como Jurerê e Canasvieiras, mas

a farra também foi grande em Itaguaçu, própria para banho segundo os últimos boletins da Fatma.

Nos anos 1960, até meados dos 1970, apenas uma ponte ligava a Ilha de Santa Catarina ao Continente e regiões hoje populosas como a Lagoa da Conceição e as praias do Norte ainda estavam por ser desbravadas. As estradas eram rústicas e o trajeto exigia várias horas. A proximidade atraía a população para a orla de Coqueiros, composta pelas praias do Riso, Saudade, do Meio, das Palmeiras e Itaguaçu. Com o tempo e a urbanização da área, o mar ficou poluído e o movimento transferiu-se para a Ilha.

Agora, praias como a do Itaguaçu e das Palmeiras voltaram a ser classificadas como próprias para banho, enquanto balneários badalados, como Jurerê e Canasvieiras, registram constantemente pontos poluídos.

Com as condições de banho recuperadas, ainda que momentaneamente (o verão será determinante para desvendar se parte do lado continental está mesmo livre da poluição), as praias voltaram a atrair banhistas, principalmente os que não têm meios, condições ou paciência para enfrentar o longo caminho até a orla da Ilha.

O aposentado Flávio Corso, de Tramandaí, no litoral do Rio Grande do Sul, explica que, sempre que vem a Florianópolis, fica na casa do filho, morador de Capoeiras, também no Continente. Na última vez em que foi ao Campeche, levou mais de quatro horas para voltar, em um fim de semana que nem era temporada de verão. A proximidade também atrai Júlio e seus 12 parentes:

– De lá até aqui, dá uns 10 minutos. Imagina se eu fosse fazer duas viagens até Canasvieiras?

Mas ele não escolhe mais a praia de Itaguaçu apenas por conveniência. Também é para ela que os sobrinhos sempre pedem para vir e é onde encontra os amigos. A paisagem com as pedras que inspiram lendas sobre bruxas é outro dos atrativos.

Ao contrário dos anos 1960 e 1970, quando era frequentada pelas classes mais altas, hoje as praias da orla de Coqueiros são procuradas por moradores de bairros populares. Palmira Oliveira, 60 anos, vem do Monte Cristo, também no Continente, com os netos, a pé. Em vez da areia, fica num dos banquinhos da orla para, como explica, “refrescar a mente” enquanto as crianças refrescam-se no mar.

– Tem loiro, tem preto, tem moreno, uma mistura, mas são todos primos – observa, orgulhosa.

Anos dourados

Na época em que Florianópolis era um destino turístico badalado apenas por catarinenses, a orla do Continente, mais do que a da Ilha, fazia sucesso entre os veranistas. No fim da década de 1960, as praias do bairro Coqueiros eram mais agitadas do que as de Jurerê e Canasvieiras. A tendência se inverteu a partir dos anos 1970.

(DC, 29/11/2009)

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