Casan se compromete a melhorar qualidade da água na Grande Florianópolis
15/07/2009
Architectour 2009
16/07/2009

Água de beber

Você sabe de onde vem a água que sai das torneiras da sua casa? E por quais processos ela passa, da captação até sair da estação de tratamento da Casan? Sabe se a água tem as mesmas qualidades e propriedades em todas as regiões de Florianópolis? Muitas vezes consumimos produtos sem nos dar conta de sua origem, do caminho percorrido por eles até chegar a nós. Este desconhecimento pode gerar muitas dúvidas e medos, como no caso da água. Problemas como o excesso de alumínio detectado no início do ano e o recente rompimento da adutora da Casan em Palhoça também geram apreensão na população.

Florianópolis é servida basicamente por três mananciais, que atendem mais de 90% do abastecimento de água da cidade. Rodrigo Maestri, engenheiro sanitarista do CIOM (Centro Integrado de Operações da Região Metropolitana) da Casan, explica que a área central e continental é servida com água do Rio Cubatão e do seu afluente Rio Vargem do Braço. Toda a água captada desses rios passa pela Estação de Tratamento de Água (ETA) em Palhoça. Já o Sul e Leste da Ilha é abastecido com água da Lagoa do Peri, tratada na ETA localizada no Morro das Pedras. O Norte da Ilha, a partir de Jurerê, é atendido com a água subterrânea do aquífero de Ingleses. A ETA fica localizada no mesmo bairro.

Alguns bairros são abastecidos por sistemas alternativos, não vinculados à Casan. Como exemplo, Rodrigo cita Jurerê e Pântano do Sul. Informa ainda que principalmente no Norte da Ilha existem condomínios abastecidos por poços
artesianos, muitos ilegais. “Estimamos que sejam mais de 400”, afirma.

Na ETA de Palhoça e do Sul da Ilha, após a captação, a água passa pelo processo de coagulação (para a retirada de partículas sólidas) e filtração, passando por fim pelo processo de desinfecção, onde recebe Cloro, e é fluoretada (Flúor), para auxiliar a reduzir as cáries. Patrice Juliana Barzan, química da Casan, explica que a diferença entre os dois sistemas é que por ser de rio, a água que chega no primeiro sistema apresenta mais substâncias sólidas que no segundo. Já a água do aquífero de Ingleses, passa diretamente pelos processos de desinfecção e é fluoretada, dispensando a coagulação e a filtragem. Nos três sistemas á feita a correção do pH, que deve ficar na faixa de 6,0 a 9,5.

Qualidade da água

A química Patrice explica que a Casan segue as normas da Portaria Nº 518, do Ministério da Saúde, de 25 de março de 2004. A lei estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Segundo a química, a Casan respeita os números mínimos de amostras e de frequência de amostragem para o controle de qualidade da água previstos na Lei. As análises são realizadas diariamente nas próprias ETAs e nos laboratórios da Casan e contratados, num total de quatro para a água que serve a Capital. Patrice está entre os profissionais que atuam no setor de controle de qualidade, supervisionando os resultados das análises de todo o Estado.

Por que a água tem sabor diferenciado nas várias regiões da cidade? O engenheiro sanitarista Rodrigo explica que ele está relacionado à procedência da água e não ao tratamento. “Seguimos um mesmo padrão de qualidade em todas as estações”, garante. Ele afirma ainda que visualmente elas não têm diferença. “Eventualmente a água pode chegar com mais turbidez na casa dos consumidores de algumas localidades devido a reparos na rede”, justifica.

Quanto ao gosto de Cloro, o bioquímico da Casan Rafael Prim explica que a sua percepção depende da sensibilidade de cada um e que a quantidade não é a mesma em todas as localidades. “Precisamos garantir uma concentração mínima em toda a rede, que é de 0,2mg/l”, afirma. Desta forma, as residências que ficam no início do sistema recebem uma água com mais cloro que as localizadas na ponta.

O bioquímico garante que o excesso de alumínio, detectado recentemente em parte da água que abastece Florianópolis, já está sendo solucionado. Ele atribui o problema a falhas em alguns filtros, que já foram desativados. “Estamos verificando a quantidade de alumínio em análises de duas em duas horas”, afirma. A legislação exige apenas uma análise semestral da quantidade deste metal na água no sistema de distribuição. O engenheiro sanitarista Rodrigo informa ainda que todos os filtros serão trocados até o final do ano, uma exigência do acordo firmado com o Ministério Público.

O metal é proveniente do sulfato de alumínio, utilizado como floculador/decantador. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o padrão de aceitação para consumo humano é de 0,20 mg de alumínio por litro. Segundo informação publicada na edição Nº 88 do informativo do Conselho Regional de Química da 13ª Região de Santa Catarina, “no organismo humano, o alumínio não tem efeito acumulativo e, ao ser absorvido, pode ser eliminado naturalmente. Até 6,0 mg por litro, o corpo humano tem condições de descartar dependendo do metabolismo de cada um, por isso é sensato cumprir as indicações da lei”.

Confiança e credibilidade

Mesmo seguindo as determinações da legislação no tratamento da água, muitos moradores vêem a Casan com desconfiança e preferem comprar água mineral ou instalar filtros. A bióloga Renata Gatti, moradora da Trindade, diz que não toma água da torneira de jeito nenhum. “Se o tratamento de esgoto da cidade é ruim, fico imaginando como deve ser o da água”, justifica. A estudante Valéria Schneiders mora no Centro e também não confia na água. “Acho que faz mal à saúde”, afirma. A cabeleireira Vânia Dutra e a dona de casa Rita Catarina dos Santos moram na Agronômica e só bebem água filtrada. “A da torneira tem um gosto muito forte de cloro”, afirma Rita. “Fico horrorizada com a quantidade de sujeira que fica no filtro. Acho que ela não é tratada o suficiente”, justifica Vânia.

Gilmar de Paulo, diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente de Santa Catarina (Sintaema), garante que a água que sai das estações de tratamento da Casan pode ser bebida sem medo. “Este é um mito que se criou em Florianópolis, até em função das notícias negativas que saem na mídia. Moro em Palhoça e lá todos tomam. Acho que a Casan deveria investir em esclarecimentos para mudar essa imagem”, comenta.

O consumidor tem que fazer a sua parte. Para Gilmar, o grande problema é a forma como a água é armazenada nas casas. “Muitas vezes ela acontece de maneira incorreta, facilitando a contaminação. As caixa d´água e cisternas devem ser limpas a cada 6 meses. Tem gente que fica mais de 5 anos sem limpar”, afirma.

O filtro é uma garantia a mais. “É um bom investimento. Remove o cloro e partículas sólidas. E se paga em poucos meses. Uma bombona de água mineral de 20 litros custa R$ 5,00 e 1.000 litros de água da Casan custam R$ 1,27”, recomenda. Quem utiliza o equipamento, seja na entrada da água na residência ou na torneira da cozinha, precisa fazer a limpeza (retrolavagem) seguindo a frequencia recomendada pelo fabricante.

Já quem compra água mineral deve tomar cuidado na hora de escolher o local onde compra. O armazenamento incorreto pode expor a água a contaminações. O químico industrial Joarez Vieira Junior, que faz análises da água mineral Imperatriz, afirma que o grande problema de toda envasadora de água são as embalagens retornáveis. “Não por sua higienização na empresa, mas devido ao armazenamento nos locais de venda. Uma embalagem de polipropileno-pp, o garrafão comum que estão por aí, é muito porosa e absorve odores externos do ambiente”, explica.

(Andréa Fischer, Imagem da Ilha, 15/07/2009)

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