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Turismo: Modelo para o Estado gera divergências

O governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) e a senadora Ideli Salvatti (PT) divergem quando o tema é o modelo a ser aplicado no turismo em Santa Catarina. O chefe do executivo estadual defende um turismo de alto poder aquisitivo, com grandes empreendimentos e equipamentos.

A ex-líder da bancada petista no Senado prefere um modelo que interaja mais com a cidade turística. Ela crê que o estilo Dubai provoca um apartheid na sociedade. A reportagem do Diário Catarinense conversou com os dois em Dubai. Eles abordaram também a importância da realização da reunião do WTTC em Florianópolis, marcada para maio.

Luiz Henrique da Silveira – GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA

Diário Catarinense – O modelo de Dubai serve para Santa Catarina?

Luiz Henrique da Silveira – Sim, mas nós temos grandes dificuldades. A questão ambiental, por exemplo. Se vê o hotel e o campo de golfe como uma obra poluidora, mas é o contrário. Eu acho que temos que dar um tratamento totalmente diferente, sejam marinas, hotéis ou ancoradouros de transatlântico. Temos que ter uma postura coletiva positiva. Temos que ver o turismo como indústria e não apenas entretenimento. Tudo o que eles estão fazendo aqui nós procuramos fazer em Santa Catarina. Tudo é difícil: licenciamento, alvarás, liberação dos editais de concorrência. Precisamos simplificar senão nunca chegaremos ao ponto a que chegou Dubai.

DC – O que representa o WTTC em Florianópolis?

Luiz Henrique – Abrir as consciências. Adotamos o lema, o sinal da mudança, para que as pessoas entendam o turismo como atividade global. A presença de grandes empreendedores e o interesse de investir no Estado.

DC – E qual o caminho para superar o desafio da insegurança jurídica do empreendedor ?

Luiz Henrique – Acho que a licença ambiental deve ser municipalizada. Se o município tem um corpo técnico qualificado, ele pode dar a autorização pois ele está sujeito ao controle social. Enquanto tivermos essa confusão de competências, vai continuar a instabilidade jurídica, o que dificulta os empreendimentos.

DC – Nas apresentações aos empresários árabes, as autoridades catarinenses falaram que os índices de violência em SC são semelhantes aos da Bélgica. Mas 60 presos fugiram da central de polícia da Capital. Por que esse problema não é resolvido?

Luiz Henrique – Esse é o nosso maior problema. Você não vê fuga em Joinville e em Criciúma. Lá é penitenciária industrial. Estamos num grande esforço. Construímos mais de duas mil vagas. E não conseguimos construir mais porque há uma reação das pessoas que não querem a penitenciária e a cadeia no seu município. O sistema prisional e a superpopulação carcerária são o câncer social do Brasil. Quando tivermos vagas suficientes e adequadas para reeducar o preso, vai se reduzir a criminalidade. Hoje, o preso chega à prisão réu primário e sai PhD em criminalidade.

Ideli Salvatti – SENADORA (PT)

DC – O que Santa Catarina pode copiar do modelo de turismo de Dubai ?

Ideli Salvatti – Eu entendo que esse modelo para o Brasil, quando se pensa em turismo como desenvolvimento e distribuição de renda, não é o mais adequado. Isto porque os empreendimentos aqui são de um valor muito alto e o turista que vem gasta no próprio empreendimento. Não há interação com a comunidade. As pessoas vêm, usufruem do empreendimento e com aquilo que faz parte da cidade praticamente não se tem contato. O nosso modelo tem que oportunizar que se traga o turista de maior poder aquisitivo sim, mas desde que não haja uma segregação como é aqui, um verdadeiro apartheid como é em Dubai.

DC – Qual a Importância do WTTC para Santa Catarina e qual o suporte que será dado pelo governo Lula ?

Ideli – A reunião do Conselho Mundial de Turismo e Viagem em Florianópolis é uma forma de colocar no Brasil as suas potencialidades turísticas perante o mundo. Da parte do presidente Lula, houve a determinação de contribuir para que seja um sucesso. No caso do turismo, é algo equivalente ao esforço que o Estado faz para sediar a Copa. Nós queremos sediar a Copa pelos mesmos motivos: para nos colocar na vitrine e ampliar as possibilidades. O presidente Lula vem no dia 27 de fevereiro para Santa Catarina inaugurar a linha de transmissão da Eletrosul e um trecho da BR-282. E vamos reservar uma agenda para falar do WTTC.

DC – Há no Brasil a crítica de que o governo deveria poupar e fazer o dever de casa, qualificando o gasto público e gastar menos, principalmente em momentos de crise. A crise mundial será tratada no WTTC. Qual a sua opinião ?

Ideli – O que mais me surpreendeu na viagem é o fato de que em todas as reuniões que tivemos com investidores, eles apontam o Brasil como um dos países que estão mais bem preparados para a crise e que vão sair dela mais rapidamente. O mundo do investimento enxerga o que fizemos no Brasil. Blindamos e preparamos o Brasil. Eles dão indicações de ampliar investimentos. O que é gasto e o que não é gasto? O investimento numa nova escola técnica, por exemplo. Para ela funcionar, precisa de professores e funcionários, e isso é custeio. Não adianta nada você construir se não mantiver. A classificação de que é gasto e investimento merece debate na sociedade.

(DC, 13/02/2009)

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