A cidade no tabuleiro
18/08/2008
À espera de outro incêndio?
18/08/2008

Como o Mercado Público é um Patrimônio Histórico de Florianópolis, qualquer modificação na sua estrutura deve ser aprovada pelo Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural (Sephan) do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf).
Desde o segundo semestre de 2006, o Sephan tem um projeto pronto de recuperação das duas alas do mercado.
– Nós sabemos que há uma série de problemas de segurança e de descaracterização no Mercado que foram levantados no projeto de 2006. Em 2003, o Ipuf já havia viabilizado outro projeto, que previa, inclusive, a segurança contra incêndio – lembra a arquiteta do Sephan, Suzane Araújo.
Para ela, o risco de se fazer uma obra às pressas, como aconteceu na Ala Norte após o incêndio, é haver a perda das características do prédio.
– Quando as pessoas entram na Ala Norte, sentem que a alma do Mercado se perdeu. Lá, aconteceu uma pasteurização.
Para a arquiteta, falta vontade para tirar os projetos do papel.
– Temos projetos prontos há muito tempo. Falta alguém que queira viabilizá-los – lamenta.
O Ministério Público Estadual também está preocupado com a situação do Mercado. No primeiro semestre de 2006, o promotor Fábio Trajano fez duas recomendações de adequação às normas de segurança contra incêndio na Ala Sul, uma para os comerciantes e outra para a prefeitura. A primeira foi cumprida. A segunda, não. Os lojistas protegeram a fiação, instalaram extintores, colocaram botijões de gás de cozinha no piso térreo e instalaram mangueiras e válvulas normatizadas em seus fogões.
Em outubro de 2007, o Ministério Público entrou com uma ação civil pública contra a prefeitura pedindo que fossem cumpridas todas as alterações previstas no projeto aprovado pelos bombeiros em 2004 ou que uma solução adequada fosse apresentada. A Procuradoria Geral do Município informou que não tem conhecimento da ação.
– Como é um caso muito específico, eu lembraria se tivéssemos sido citados em uma ação. Provavelmente, ainda não recebemos a intimação – alega o procurador-geral do município, Jaime Souza.
Já que a reforma não sai, os comerciantes das duas alas do Mercado Público participaram de um curso para a formação de uma brigada antiincêndio no prédio. Os 25 voluntários receberam diploma de presença no curso de 12 horas/aula entre os meses de outubro e novembro de 2007.
Com os bombeiros, eles aprenderam como agir em um início de incêndio e a prestar primeiros socorros.
– Criamos a brigada para não acontecer de novo o que aconteceu na Ala Norte, quando as pessoas estavam despreparadas – conta Vanderson Vilmar dos Santos, membro da brigada e funcionário de uma das peixarias da Ala Sul.
Do Incêndio à espera por mudanças
> Às 8h do dia 19 de agosto de 2005, uma fritadeira instalada na cozinha no segundo piso de uma lanchonete em uma das extremidades da Ala Norte do Mercado Público causou o início do fogo no local. As labaredas atingiram o depósito de uma loja de calçados e o teto do prédio. Em pouco tempo, as 68 lojas da ala foram destruídas sem que os comerciantes tivessem tempo de retirar suas mercadorias.
> Os comerciantes das lojas atingidas pelo fogo foram alojados, temporariamente, em uma grande tenda de lona, montada no calçadão entre a Praça Fernando Machado e o Largo da Alfândega. Eles esperaram lá a reconstrução da Ala Norte, que durou pouco mais de cinco meses.
> No dia 2 de fevereiro de 2006, a Ala Norte foi reaberta. Os boxes passaram a ser padronizados, o corredor foi alargado para quatro metros e a estrutura de madeira foi substituída por metal. A obra custou R$ 2,9 milhões.
> No primeiro semestre de 2006, o Ministério Público fez recomendações de adequação às normas do Corpo de Bombeiros na Ala Sul aos comerciantes e à prefeitura.
> Como a prefeitura não cumpriu as recomendações do Ministério Público, uma ação civil pública foi aberta pedindo a execução do projeto de reforma aprovado em 2004 pelos Bombeiros. A ação ainda não foi julgada.
> Em outubro de 2006, o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf) elaborou um projeto de recuperação da Ala Sul prevendo restauração e instalação de equipamentos de segurança no Mercado, mas o projeto não saiu do papel.
> Em julho de 2007, o administrador do Mercado, Jucélio Campos, entrou com o pedido de financiamento no Funturismo. A verba solicitada foi R$ 2,2 milhões. Desde então, Campos espera a verba para fazer a restauração de acordo com o projeto do Ipuf.
> Campos pretende começar a obra na Ala Sul em março de 2009, após os meses do verão, já com a verba do Funturismo.
(DC, 18/08/2008)

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