Meio ambiente: Antigo, mas atual

Artigo de Glauco Olinger — engenheiro agrônomo (DC, 30/06/08)
“Há anos preocupa-se o governo do Estado com a conservação das matas. O governo não sabe como há de proteger as matas contra a devastação. A cultura de árvores poderá ser realizada nas roças abandonadas por cansadas, e nas coxilhas limpas, onde não existirem árvores, mas será de muita utilidade que se povoem as margens de rios e arroios, as ilhas, os montes, os contrafortes das serranias, com árvores.
Se cada proprietário de terras cuidar do replantio de árvores, em poucos anos teremos restabelecido o clima de 1830: os verões serão menos caniculares, os invernos menos rigorosos, as enchentes advirão em seu tempo próprio, as secas desaparecerão. O replantio de florestas impõe-se como medida salvadora, como garantia de bem-estar futuro, pois será crime legar aos vindouros um país árido”…
Estas atualíssimas advertências foram escritas no dia 22 de junho de 1908, por um colaborador do Correio do Povo, em Porto Alegre (RS), que adotava o pseudônimo de Aldebaram. Hoje, o problema que se apresenta em Santa Catarina é rigorosamente o mesmo: perda da fertilidade natural dos solos causada por cultivos incorretos; perda da capacidade de retenção de água doce pelos solos, causada, principalmente, pela devastação das florestas.
Acrescente-se a irregularidade das chuvas e o aumento da freqüência de secas e enchentes, fatores de redução de safras e danos aos centros urbanos. Mas, acima de tudo, a perspectiva de escassez de água doce, ainda neste século, para satisfazer a demanda das indústrias, da agricultura, das cidades e outros consumidores.
Santa Catarina pode e deve livrar-se desse mau presságio recobrindo 60% de sua superfície com florestas de preservação permanente, vegetação ciliar e silvicultura. Os restantes 40% do território seriam ocupados por centros urbanos, dunas, restingas, rios, lagoas, represas, açudes, mangues e, sobretudo, por práticas agropecuárias ecologicamente corretas. Essa é a maior vocação do território catarinense, frente às características do seu relevo, do clima e dos fundamentos científicos disponíveis.