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A 1.000 quilômetros do Rio de Janeiro e a 1.539 de Buenos Aires, a Ilha de Santa Catarina fica, como no poema de Carlos Drummond de Andrade, “bem no meio do caminho”.
No verso do poeta de Itabira, no meio do caminho havia uma pedra. No poema escrito por Deus, há uma mulher no meio do caminho, embelezando o trânsito no cone sul da América – a Ilha-Mulher, com o seu magnífico empório de belezas.
Um vôo de pássaro sobre a Ilha captura todas as curvas dessa mulher deitada no oceano. Sempre se soube que a Ilha era mulher, gênero mais do que feminino, espécie cheia de curvas, com seios empinados e, principalmente, com ancas de pletórica sensualidade.
Surpresa: a mulher exibia dois umbigos: a Lagoa da Conceição e a Lagoa do Peri.
Uma aproximação pela costa leste descortina o bazar de belezas à beira-mar plantado. Ao visitante, se estendem os tapetes de dunas que debruam o sudeste da Ilha, alongando-se pela Praia dos Ingleses, do Santinho, Mole, Joaquina e Lagoa da Conceição – sensual umbigo lacustre.
O fim (ou seria o início?) dessa festa é o Aeroporto Hercílio Luz, depois do suave contorno da Ilha do Campeche, presenteando o visitante com a visão do lendário Antoine de Saint-Exupéry – que ali fazia aterrissar o seu Breguet-Latecoère, no início dos anos 1930, “banhado em beleza”.
A partir dessa verdadeira “hipnose visual”, o visitante poderá escolher inúmeros pontos de interesse turístico nesta Ilha que hospeda a cidade-enclave de um paraíso ecológico – e que é, ao mesmo tempo, a Capital brasileira de melhor qualidade de vida, segundo os critérios da ONU.
Sede de quatro universidades, pólo de turismo e de centros de informática, albergue de indústrias não-poluentes, Florianópolis administra o terceiro aeroporto mais movimentado do Brasil em número de vôos “charters”, com mais de 2 mil operações por ano.
As atrações do centro histórico podem começar pela Catedral, marco da fundação da cidade pelo vicentino Francisco Dias Velho, em 1675. Ali ele cravou a cruz de Cristo e ali, morreria em 1687, pelos punhais do pirata inglês Robert Lewis.
Ao lado da Matriz está o Palácio Cruz e Sousa, revigorado em seu estilo “Art-Noveau”, ex-sede do governo e atual panteão de honra do grande simbolista negro Cruz e Sousa, equiparado mundialmente a Baudelaire e Mallarmé, com seus versos dilacerados pela dor e seus sonetos plenos de jogos vocálicos.
Dali, do palácio até o Mercado Público, é um pulo. O prédio centenário constitui, com a Ponte Hercílio Luz, um dos mais conhecidos “cartões de visita”, imortalizados nas telas de Martinho de Haro e Eduardo Dias. De sua atmosfera colorida, bares populares e pregões matinais, desprende-se uma atmosfera “provençal”, que lembra o Vieux Port, de Marselha ou o La Boqueria, de Barcelona, cidades marinhas e irmãs. Hortaliças e frutos do mar, dividindo espaços com a freguesia, em rituais que se renovam todos os dias, tão coloridos quanto as telas do catalão Dali, do francês Matisse ou do espanhol Miró.
O Mercado abriga pontos de convivência tão “universais” que o Box 32, do Beto, ou o Box do Alvim poderiam reunir, em ocasiões diferentes, inimigos hoje tão ilustres e “cordiais” quanto Lula e FHC. Ali, consomem-se ostras da Costeira ou de Santo Antônio, “fazendas” da maricultura local. Mas suas opções serão ilimitadas. O turista tanto pode deliciar-se com o prosaico camarão recheado do “Zexinho”, regado a chope escuro, quanto, no outono, optar pelo “tesouro” calórico de uma ova frita, recém-extirpada dos ovários das tainhas frescas. Mas se preferir alguma especiaria mundial, também pode optar pelo caviar russo do Báltico ou do Cáspio – ou ostras do Maine, Nova Inglaterra.
Depois desse “batismo”, o melhor que pode acontecer ao recém-chegado é o raiar de um sol grego ou Adriático – perfeito para um passeio de escuna pela Baía Norte e uma visita aos fortes de Santa Cruz, na Ilha de Anhatomirim; e São José da Ponta Grossa, na Praia de Jurerê.
Eles integravam, com o Forte do Ratones, uma sofisticada e jamais utilizada “linha triangular de defesa”, concebida pelo primeiro governador militar da Província, Silva Paes, preocupado com a defesa da “mulher oceânica” contra a cobiça da Espanha.
Depois da pequena aula de História, uma dupla excursão aos sentidos da visão e do paladar: basta escolher uma das 42 praias de areia fina e águas tépidas, e um bom restaurante da orla marítima.
Ou, se preferirem um circuito “já provado”, qualquer um dos provedores de frutos do mar ancorados na Lagoa da Conceição. Moquecas, camarões, tainhas recheadas, cavaquinhas, berbigões, lagostins…
À hora do Ângelus, restará subir o outeiro do Morro do Padre Doutor e admirar do seu mirante o ocaso que sangrará a Oeste, distribuindo uma luz sobre a crista das ondas e pintando de ocre as areias, realçando as casinhas brancas e espalhando esmaecente luminosidade impressionista àquele recanto de águas e terras que é dos mais belos que o olho humano já viu.
Lá do alto, cicie uma Ave Maria cheia de graça. A graça de haver conhecido a Ilha em estado “de”. A graça de celebrar a Ilha mais bela do Mundo.
(Sérgio da Costa Ramos, DC, 23/03/08)

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