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Choveu muito por aqui na última semana, especialmente na quarta-feira (30/01) à noite, madrugada adentro sem parar, e por todo o dia seguinte: mais de 24 horas de chuva forte e incessante, toda a água prevista para cair em mês e meio despencando sem freio em um dia apenas.
Choveu muito mas não o bastante, provavelmente, para lavar o mundo todo. Parece ir aí um certo exagero no título deste texto: para lavar o mundo, para que todos fiquem limpos e decentes, para que o meio ambiente seja preservado e o ser humano, respeitado, a fila do banho é enorme. Muita água precisa rolar para que isto um dia possa acontecer – e possivelmente jamais acontecerá, a menos que se altere fundamentalmente a natureza humana. E essas coisas não se dão assim, por decreto ou dogma.
Independente de qualquer consideração prática ou filosófica, o fato é que choveu muito por aqui e, para surpresa cínica de muitos, a água não tinha para onde escapar – pelo menos não na velocidade em que caía. Para complicar a situação, como sempre ocorre nessas ocasiões a maré esteve mais alta do que o costume: tão mais alta que, em alguns períodos, o Rio do
Sertão inverteu seu fluxo e correu – correu em fúria, não deslizou mansamente – contra as próprias nascentes, recebendo em seu leito, no manguezal do Itacorubi, as águas crescentes do mar. Isto é tão verdade que detritos foram depositados nas laterais das pontes que o cruzam, ligando a Trindade ao Santa Mônica, pelo lado da jusante.
A montante, claro, os entulhos se enroscaram em maior quantidade, até alguém encostar um caminhão nas margens, recolhê-los e esmigalhar parte das calçadas que as pessoas utilizam para caminhar – calçadas recentes que margeiam o Rio do Sertão e que já se encontravam rachadas e desniveladas.
As chuvas da semana passada deixaram a descoberto, por exemplo, certas semelhanças que existem entre a Amazônia e a Ilha de Santa Catarina. Não se trata aqui de denunciar o desmatamento indiscriminado e criminoso de mangues, encostas, áreas verdes e matas nativas, a ocupação ilegal e criminosa de áreas de preservação permanente, o aterro irresponsável e criminoso de córregos, rios e riachos, a destruição sistemática e criminosa do meio ambiente, o lançamento egoísta e criminoso de esgotos, embalagens e lixos em geral nos cursos d’água, o desprezo cínico e criminoso pelas leis e pelos direitos coletivos, a venda repulsiva e criminosa de falsas autorizações, permissões, licenças, alvarás, concessões, isenções e fiscalizações, o comprometimento irremediável e criminoso do futuro a médio prazo dos que têm dinheiro e do futuro imediato dos miseráveis – não, nada disso.
Restrinjamos as semelhanças da Floresta com a Ilha ao terreno (encharcado) da súbita elevação do nível das águas à discrição das condições atmosféricas, das precipitações torrenciais inesperadas que não encontram vazão planejada, da irresponsabilidade pública (dos governos de todos os níveis, até mesmo ao nível do síndico do nosso prédio), privada (das empresas que só têm olhos cúpidos para o lucro indiscriminado, sem o qual supostamente a morte corporativa se instala) e individual (das pessoas como seres humanos, de cada um de nós como indivíduos, de todos nós como pretensos interessados pelo que a Terra nos há de dar daqui para a frente).
Há casos aqui, também, como na Amazônia, de lagos temporários que se formam com as águas que sobem: na mesma região do Rio do Sertão, coisa de que não se tem memória nos últimos 30 anos, um deles, enorme, surgiu sobre o asfalto e áreas adjacentes, por “coincidência” na primeira boa enxurrada após a instalação de um grande centro comercial por ali.
(Amilcar Neves, acontecendoaqui, 06/02/08)

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