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Morador desce o morro para pedir água

Se as plantas não conseguem viver sem água, será que nós conseguimos? A frase de indignação escrita numa cartolina foi uma das maneiras de protesto encontrada por cerca de 50 moradores do Alto da Caieira, em Florianópolis, para criticar a falta de água na comunidade, no Maciço do Morro da Cruz. Ontem pela manhã, eles se reuniram na Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), no Centro, para reivindicar melhorias no abastecimento da região.

Segundo o carpinteiro Vilmar Coelho, há quatro anos e meio ele mora no local e a situação é sempre a mesma. “Nós vivemos uma realidade bem difícil. Tem dias que as crianças deixam de ir à escola por falta de água . Já estamos cansados de pedir para resolverem este problema”, disse.

Em outro cartaz levado pelos moradores, eles comparavam o drama da falta de água à questão dos sem terra. “Não somos família dos sem terra. Somos os sem água”.

A doméstica Daiane Fioravanti, de 21 anos, mora no bairro há apenas oito meses, mas afirma que as dificuldades do dia-a-dia são bem grandes, principalmente para limpar a casa, fazer comida e tomar banho. A estratégia mais usada pelos moradores têm sido poupar o pouco de água que recebem diariamente para usar nas necessidades mais urgentes.

Ela conta que chega a comprar água para poder usá-la em casa, mas que os moradores sonham com outra realidade. No oitavo mês de gestação, Daiane teme pela saúde do filho, se nada for feito nos próximos meses para resolver o problema. “Queremos o direito à água como todas as pessoas. A maioria da população tem condições de pagar uma conta de água. Por que eles não regularizam o problema e instalam um relógio de água nas casas”, sugeriu.

Para o padre Vilson Groh, presidente da organização não governamental (ONG), Centro Cultural Escrava Anastácia Aroeira, todos os moradores trabalham e querem pagar pelo serviço de água desde que ela seja implantada na comunidade. Ele alertou que, no ano passado, a região já teve casos de mortes de crianças por subnutrição. “A falta de água é terrível para todos. Não podemos deixar a situação se agravar mais e outras mortes acontecerem”, alertou.

A coordenadora da ONG, Nina Rosa Borba, diz que a instituição convive também com a falta de saneamento, pois todas vezes que chove o esgoto invade o local. Ela explicou que muitos jovens deixam de freqüentar as atividades na instituição por causa da falta de água.

Estatal e Ipuf avaliam situação da rede, mas solução está distante

Segundo a assessoria de imprensa da Casan, a diretoria se reuniria no Alto do Caieira com representantes da comunidade, para avaliar até onde a água está chegando após a instalação anteontem de um motor elétrico no morro. De acordo com o diretor técnico da estatal, Osmar Silvério Ribeiro, a companhia tem feito mais do que pode para ajudar a população daquela área, mas só poderá contribuir mais quando o projeto técnico for concretizado.

E lembrou que já existe projeto da Prefeitura, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para urbanização do Maciço do Morro da Cruz. O presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Ildo Rosa, também compareceu à Casan ontem. Na segunda-feira, ele volta a se reunir com os moradores.

(André Luís Cia, A Notícia, 25/10/2007)

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