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Praça do Centro Cívico está abandonada

Situada entre órgãos públicos importantes, o Centro Cívico Tancredo Neves, na área central de Florianópolis, está abandonado. É o que dizem usuários do local, que apontam a necessidade de reparo da estrutura e repressão contra usuários de drogas.

O clima é de insegurança, segundo o comerciante Mário César da Mata, que trabalha em um bar no local há dois anos. “Eu fico bobo de como as meninas que saem do Instituto (Estadual de Educação) à noite e ainda passam por ali”, conta.

Também conhecido como praça Tancredo Neves, o local fica perto do Tribunal de Justiça (TJ), da Assembléia Legislativa (Alesc), do Ministério Público Federal (MPF) e do Tribunal de Contas de Santa Catarina (TCE), entre outros órgãos.

Com piso e degraus quebrados, fios de energia elétrica arrancados e bancos depredados, o estado do espaço causou espanto à recepcionista Sandra Lima. “Estava até comentando com o rapaz da banca como isso está mal conservado”, relata Sandra, que estava sentada em um dos bancos lendo um jornal na tarde de ontem.

Sandra não era a única pessoa a desfrutar do espaço de 12.676 metros quadrados (quase o dobro do tamanho da maioria dos campos oficiais de futebol). Dois homens dormiam em bancos – um deles coberto até a cabeça com um cobertos pesado -, assim como dois cachorros no chão. O Centro Cívico Tancredo Neves é, na verdade, mais um local de passagem de pessoas que circulam entre os órgãos vizinhos do que uma área para lazer comunitário.

Um dos motivos para isso é a falta de equipamentos públicos. “Aqui poderia ter um parque para crianças”, opina Sandra Lima. Ela acha que um jardim maior e um chafariz também poderia ser instalados no local.

Fios de energia são arrancados

O comerciante Mário César da Mata lembra que o Centro Cívico tinha um chafariz, mas hoje o local onde havia água está seco. Ele afirma ter visto na época pessoas tomando banho sem roupa no chafariz. “Tinha gente que tomava banho pelada. Deve ser por isso que tiraram. Tem muita zoeira por aqui, por isso tem pouca família e criança freqüentando”, diz.

Logo acima, fica o coreto, um espaço destinado à manifestação pública. A estrutura está danificada, inclusive com fios de energia elétrica arrancados. Peças de roupa deixadas logo abaixo mostram que provavelmente alguém andou dormindo por ali.

Para Sandra Lima, deveria haver um guarda municipal cuidando para que não ocorresse depredação do patrimônio. A mesma opinião tem o comerciante Roque Coelho, funcionário de uma banca de jornais situada no Centro Cívico.

Ela acha que de nada adianta fazer melhorias no local se não houver vigilância. “O pessoal não cuida. Podem arrumar tudo, que logo alguém vai quebrar de novo. Essas coisas acontecem principalmente de madrugada”, afirma.

Crimes também ocorrem de dia

Segundo o comerciante Alcides Manoel da Conceição, que trabalha em um bar no Centro Cívico há oito anos, o perigo não existe só de madrugada. Ele não esquece o dia em que um assaltante entrou pela porta dos fundos do estabelecimento, rendeu um funcionário e, ao ver que havia mais gente no local, assustou-se e atirou contra uma parede de alumínio, que deixou um buraco na estrutura. “Acho que ele se assustou quando me viu. Saiu correndo e nem levou nada”, conta.

A banca de jornais em que Roque Coelho trabalha também já foi assaltada, durante o turno de outra funcionária. “Eles aproveitaram que ela estava sozinha e agiram”, lembra. O proprietário registrou a ocorrência, mas o dinheiro não foi recuperado.

O incidente ocorreu há cerca de dois anos, época em que o Centro Cívico era bem mais inseguro que agora, segundo Roque Coelho. “Vinha um monte de guris aqui, queriam roubar as coisas para vender e comprar drogas. Hoje, está bom”, afirma.

No bar em que Mário César da Mata trabalha, também não houve assaltos nos últimos dois anos. Mas ele acha que a iluminação do Centro Cívico é deficiente e há pouca repressão a usuários de drogas. “Isso aqui está muito abandonado. Deveria ser mais bem cuidado, até porque fica perto dos três poderes”, avalia.

O comerciante refere-se ao fato de o Centro Cívico Tancredo Neves ficar entre o TJ (Judiciário), a Alesc (Legislativo) e o antigo Palácio do Governo do Estado (Executivo). Por causa dessa localização, o espaço também é chamado de praça dos Três Poderes. Outra denominação ainda usada é praça da Bandeira, já que ali existe um grande mastro com a bandeira de Santa Catarina hasteada.

O comerciante Alcides Conceição aponta, ainda outro problema do Centro Cívico: não existem banheiros públicos no local.

Proposta prevê estacionamento

A manutenção Centro Cívico Tancredo Neves é de responsabilidade da Prefeitura. A Fundação do Meio Ambiente de Florianópolis (Floram) cuida da vegetação – há flores como lírios e azaléias no local. A recuperação da estrutura fica a cargo da Secretaria de Obras (SMO), mas é na Secretaria de Habitação e Saneamento Ambiental que os projetos de revitalização devem ser desenvolvidos.

Floram e SMO não souberam informar se existe algum plano para revitalizar a área. A responsável pela assessoria de projetos da Secretaria de Habitação não foi localizada até o fim da tarde de ontem.

O presidente da Alesc, o deputado estadual Júlio Garcia, conta que havia a intenção da casa em trabalhar na revitalização do Centro Cívico e usar parte do espaço como estacionamento. “Nossa idéia é nos reunirmos com TJ, TCE e Prefeitura para discutir isso”, conta.

Segundo Garcia, a intenção é melhorar o aspecto da praça e instalar o estacionamento sem modificar as características do local. “É uma área importante para e cidade e o Estado, por isso queremos criar um espaço bonito ali. Mas isso depende da Prefeitura”, diz.

(Felipe Silva, A Notícia, 05/09/2007)

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