Comunidade tem acesso à energia solar

A Creche Municipal Chico Mendes e moradores da comunidade Novo Horizonte, no bairro Monte Cristo, realizam hoje mutirão para construir um coletor solar para a unidade. Trata-se de um dispositivo que capta a luz solar e a transmite para a água, que é aquecida. O diferencial do projeto é que o equipamento é construído totalmente com materiais recicláveis, como garrafas pet, caixas de leite e canos de PVC.

O coletor solar foi desenvolvido por José Alcino Alano, morador de, de Tubarão, no Sul do Estado, que repassou o conhecimento para um funcionário da Celesc. A empresa se interessou pela iniciativa e a adotou como projeto social, passando a incentivar comunidades carentes a construir seus próprios coletores.

Em Florianópolis, o modelo já está em funcionamento em uma creche e duas casas do morro da Queimada, no Centro, e em duas casas da comunidade Chico Mendes.

A diretora da creche, Karina Almeida dos Santos, conta que se interessou pela proposta pelo fato da unidade enfocar trabalhos de educação ambiental. “Estamos em uma comunidade carente, onde moram muitos catadores de material reciclado. Por isso, entendemos que esta é uma iniciativa bastante positiva, pois concilia questões como economia de energia e reaproveitamento de materiais”.

O projeto também foi integrado ao aprendizado das crianças, que trabalharam na limpeza do material coletado e na construção dos moldes.

Com a ajuda da comunidade, foram coletadas cerca de mil garrafas pet e mil caixas de leite, que serão utilizadas hoje na construção do dispositivo. Segundo Karina, além de equipar a creche, o mutirão servirá também como oficina para que os moradores aprendam como construir o coletor.
Todo o trabalho será acompanhado e orientado por técnicos da Celesc e ambientalistas. “Fazemos a intermediação com a sociedade, treinando os moradores para que estes depois passem este conhecimento a outras pessoas, disseminando esta cultura”, explica o chefe da Agência Regional Florianópolis da Celesc, Luís Carlos Facco.

A utilização do coletor solar, segundo Facco, pode representar uma redução de até 30% no consumo de energia elétrica. “É uma economia significativa, pois a água aquecida atinge diretamente os chuveiros”, completa.

Celesc e ambientalistas fazem relatos mostrando vantagens

O mutirão será iniciado às 9 horas, com a exibição de um vídeo produzido pelo programa Globo Ecologia, que mostra como se faz a construção de um coletor solar. Em seguida, convidados da Celesc, ambientalistas e moradores do morro da Queimada falarão sobre a experiência de trabalhar com o projeto. Os participantes depois serão divididos em grupos, onde aprenderão a fazer passo-a-passo o dispositivo.

O coletor solar é feito com a utilização de garrafas plásticas transparentes de refrigerantes, caixas de leite e cano PVC. As garrafas pet produzem um “efeito estufa” ao longo do cano, não deixando o calor sair, processo complementado com as caixas de leite que são pintadas de preto. O dispositivo é instalado perto da caixa d’água, permitindo a captação da energia do sol, que aquece a água e a mantém aquecida para ser utilizada em chuveiros e torneiras.

O sistema pode ser adaptado a qualquer caixa d’água de casas com laje, sem que seja necessária reformas nas instalações hidráulicas já existentes. No verão, em dias com muito sol, a água demora em média uma hora para aquecer. Com pouco sol na mesma estação, este tempo aumenta para duas horas e meia. O tempo para aquecimento é maior na primavera por causa das chuvas – em torno de quatro horas.

(Natália Viana, A Notícia, 25/08/2007)