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Pesquisador mostra o perfil real do turismo em Florianópolis

A vocação da Ilha de Santa Catarina para o turismo, tanto defendida por empresários do setor, é vista com ressalvas pelo professor Helton Ricardo Ouriques, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O pesquisador estuda o modelo turístico de Florianópolis há mais de dez anos e mostra que o setor gera poucos empregos formais, remunera mal e traz grandes prejuízos ao meio ambiente. Os dados do levantamento serão apresentados no painel Geração de Emprego e Renda do seminário Floripa Real, que começa nesta quarta-feira, dia 25.

De acordo com o Ministério do Trabalho, em 2004 os hotéis e estabelecimentos similares empregavam 1,27% dos trabalhadores formais em Florianópolis. Restaurantes respondiam por menos de 4%. Somadas, as duas atividades ligadas ao turismo não chegaram perto do que representava a administração pública em postos de trabalho: 42,66%.

“Esses dados desmontam o argumento de que o turismo é o grande gerador de postos de trabalho em Florianópolis”, afirma Helton Ouriques. Doutor em geografia, o pesquisador mapeou os postos de trabalho ligados ao turismo e verificou, ainda, condições de trabalho rigorosas e baixos salários. Estabelecimentos hoteleiros ofereciam, em média, R$ 596,93 de salário em 2004. Além disso, de acordo com o professor, muitos postos de trabalho são informais e sazonais, desaparecendo nos períodos de baixa temporada.

Outro argumento apontado como falso é o de que o turismo possui um caráter ecológico. De acordo com Ouriques, balneários como Canasvieiras e Ingleses viveram fortes processos de urbanização a partir dos anos oitenta e hoje sofrem com a falta d’água, com problemas de saneamento e com a poluição do mar. Em outros casos, o aterramento de mangues e córregos traz consequências graves ao meio ambiente.

Como alternativa, o professor aposta no estabelecimento de limites. “É preciso definir limites de andares para os prédios, de ocupação do solo e garantir áreas para preservação.” Além disso, aposta em estabelecimentos de pequeno porte para trazer resultados mais interessantes para a população local. O professor cita o caso de Prainha do Canto Verde, no litoral do Ceará, onde os moradores definiram limites para a especulação imobiliária e exploram o turismo em pequenas pousadas.

Turismo de luxo não é a solução

“Vejo uma tendência em Florianópolis da internacionalização do turismo, que é a construção de campos de golfe e de grandes condomínios de luxo. Mas quem vai jogar golfe não é o trabalhador. Ele vai continuar na base da pirâmide salarial. Quem se beneficia disse é uma elite”, conclui o pesquisador.

As idéias e dados de Helton Ouriques serão confrontados com levantamentos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Representantes das duas instituições também participam do painel Geração de Emprego e Renda do Floripa Real. Após as apresentações dos especialistas, o espaço será aberto para o debate. O painel começa às 20h30 de quarta-feira, dia 25, e acontece no Auditório Antonieta de Barros da Assembléia Legislativa de Santa Catarina. Confira mais detalhes sobre o evento e a programação completa em www.floripareal.org.br

(Floripa Real, 23/07/2007)

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