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Catadores voltam ao Centro da Capital

A mudança da Associação dos Coletores de Material Reciclável (ACMR) para a sede da Companhia Melhoramentos da Capital (Comcap), no Itacorubi, não deu certo.

Há três semanas, cerca de 50 catadores voltaram a fazer os trabalhos de coleta e triagem dos materiais recolhidos no Centro. Eles reclamam que o lucro caiu com a ida para a Estação de Transbordo da Comcap.

O representante estadual do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Dorival Rodrigues dos Santos, conta que os coletores não se adaptaram ao novo método de trabalho adotado com a mudança para o Itacorubi.

Antes, quando estavam instalados em um galpão ao lado da cabeceira insular da ponte Pedro Ivo Campos, cada um faturava de acordo com sua própria produção.

Na Comcap, eles passaram a dividir os ganhos em partes iguais entre os “carrinheiros” e os responsáveis pela triagem. “Nosso estilo de trabalho é aquele outro. Não adianta. Tivemos a experiência aqui e não funcionou. É uma estrutura boa e muito bonita, mas não está sendo funcional”, afirma.

O gerente da Divisão de Valorização de Resíduos da Comcap, Renato Rocha, concorda que o novo modelo não funcionou. “Nem todo mundo trabalha igual. Sempre tem aquele que ‘se encosta’. E isso desmotiva que trabalha duro”, diz.

Segundo Rocha, “a necessidade de um espaço para os coletores no Centro é inegável”, e a companhia deve buscar um terreno na área central da cidade para abrigá-los. “No Centro, há mais facilidade para coleta, transporte e comercialização dos materiais.”

A mudança dos coletores da ACMR para o Itacorubi ocorreu no início do ano. A justificativa para retirá-los do galpão que ficava ao lado da cabeceira insular da ponte Pedro Ivo Campos, onde trabalhava há sete anos, era o risco de acidentes por causa da proximidade de redes de gás e energia elétrica e de materiais inflamáveis.

“Fomos contra nossa vontade e só porque a pressão era muito grande para que saíssemos dali”, diz Dorival Rodrigues.

A Comcap criou pontos de transbordo no Centro para que o material recolhido fosse levado por caminhões da companhia até Estação.

Cerca de 40 dos coletores da ACMR continuam no Itacorubi, onde está sendo feito o trabalho de triagem de materiais recicláveis recolhidos pela Comcap. “Aqui é melhor para o pessoal mais velho ou que tem dificuldade de locomoção”, diz Renato Rocha, da Comcap.

Coletores passam por capacitação

A instalação dos coletores da ACMR no Itacorubi fez parte de um projeto patrocinado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com objetivo de capacitar os catadores. Eles fizeram seis meses de cursos antes de se mudarem para a Estação de Transbordo.

Segundo Renato Rocha, da Comcap, o objetivo é aumentar o lucro dos coletores com o aperfeiçoamento. Ele cita como exemplo os 12 tipos de plástico existentes. “Se tu venderes tudo como plástico, cai o valor. Se houver uma seleção melhor, os ganhos crescem”, argumenta.
A Comcap deve reunir as cinco associações de coletores existentes em Florianópolis para uma reunião na qual fará um levantamento do número de catadores e a área em que atuam na cidade.

Travessia de avenida é um fator de risco

Os coletores negam a possibilidade de voltar para o Itacorubi. “Isso está fora de discussão”, ressalta Paulo Lary. Um retorno para o galpão ao lado da ponte Pedro Ivo Campos também não é cogitado por eles. Para os coletores, o terreno ao lado da ETE da Casan é o ideal para o trabalho, por estar perto do Centro. O acesso, no entanto, é dificultado pela travessia da avenida Gustavo Richard, que liga a ponte Pedro Ivo Campos ao túnel Antonieta de Barros.

Quase sempre, eles precisam passar pela via de trânsito rápido com carrinhos com 200kg a 300kg de material. Os catadores da ACMR querem também a instalação de luz, água, um galpão e um banheiro químico no local.

O gerente de valorização de resíduos da Comcap, Renato Rocha, diz que é difícil a permanência dos coletores no terreno por causa do acesso complicado. A companhia vai buscar outro espaço no Centro para que a ACMR use. Uma possibilidade é a cessão de um espaço em frente ao Terminal Cidade de Florianópolis, ao lado do Direto do Campo, de propriedade da Comcap.
O representante estadual dos catadores, Dorival Rodrigues, diz que vai tentar uma audiência com o prefeito Dário Berger para negociar a cessão de uma nova área.

Lucro cresce em área central

Os coletores da ACMR que abandonaram a Estação de Transbordo da Comcap no Itacorubi instalaram-se em um terreno baldio ao lado da Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) da Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) no aterro da baía sul. Eles afirmam que é o local ideal, a não ser pela dificuldade em atravessar a avenida Gustavo Richard e pela falta de luz, água e um galpão para se abrigarem da chuva. “É um lugar escondido, longe do movimento do Centro e onde não incomodamos ninguém”, diz o representante estadual do Movimento Nacional dos Catadores, Dorival Rodrigues dos Santos.

O coletor Paulo Lary diz que foi um dos primeiros a chegar ao terreno. Lary reclama que a renda caiu cerca de 80% com a mudança para o Itacorubi. “De 80, metade trabalhava e outra metade não”, critica.

Na primeira semana de trabalho na Estação de Transbordo, conta, o lucro foi de R$ 34,00 para cada um, cerca de um décimo do que ele tem conseguido nas últimas três semanas, em uma jornada de trabalho que dura até 15 horas por dia.

A renda obtida desde a mudança para o Itacorubi também não agradou à coletora Ana Rúbia Palavicini. “Trabalhando sozinha, nunca deixei de ganhar menos de R$ 300,00 por semana”, afirma. Mãe de um menino de dois anos, ela gasta R$ 50,00 por semana com babá. Ana Rúbia, 20 anos, trabalha desde os seis como coletora de materiais recicláveis. Ela e a irmã de 18 anos começaram ajudando a mãe na profissão. Foi com o dinheiro ganho recolhendo materiais recicláveis que elas compraram casa própria. “Onde os outros vêem lixo, nós vimos uma oportunidade. Tenho muito orgulho do que faço”, diz Ana Rúbia, enquanto faz a seleção de materiais de um saco plástico cheio de pedações de papel higiênico – alguns, sujos de fezes.

(Felipe Silva, A Notícia, 05/07/2007)

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1 Comentário

  1. Joao disse:

    Reciclagem: fonte de renda e em consequencia uma cidade mais limpa.
    Preciso contactar com o representante estadual do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), Dorival Rodrigues dos Santos, para palestra de conscientização sobre coleta seletiva. Me manda um número de telefone ou se possivel seu curriculo (dados pessoais) para agendamento de palestra. Obrigado.

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