Funcionários de empresa de lixo fazem greve

Diante do atraso no pagamento dos salários de abril, os 76 funcionários da Proactiva, empresa que dá destinação final ao lixo de 25 municípios da Grande Florianópolis, bloquearam a entrada do aterro da empresa, em Biguaçu, desde a manhã de ontem. Há risco de que resíduos comecem a se acumular hoje.

Por volta de 18h de ontem, 10 caminhões lotados de lixo estavam parados na frente do aterro. Os funcionários estão permitindo que, a cada seis horas, três caminhões descarreguem os resíduos. Isso representa 30% das 700 toneladas diárias de resíduos que o aterro recebe, o mínimo exigido por lei por se tratar de um serviço essencial.

– Se a situação não se normalizar, é provável que amanhã (hoje) comece a acumular lixo nas cidades – afirmou o engenheiro da Proactiva, Ernani Santa Ritta.

O galpão da Comcap, no Bairro Itacorubi, na Capital, já acomodava lixo, ontem, por falta de caminhões para levá-lo ao aterro. O diretor-presidente do órgão, José Nilton Alexandre, disse que até o meio-dia de hoje, consegue administrar a situação, acomodando resíduos em outros locais e alterando os horários de algumas coletas.

– Depois desse horário, a situação começa a se complicar – disse José, que esteve no aterro ontem à noite.

Durante o dia de ontem e madrugada de hoje, os trabalhadores revezariam-se no bloqueio do acesso ao aterro.

Eles deveriam ter recebido no dia 5 de abril. Os funcionários alegam que os atrasos vêm ocorrendo há um ano e que, agora, a situação chegou ao limite.

Audiência na Delegacia do Trabalho será hoje

Ontem, a empresa propôs pagar 50% dos salários imediatamente e os outros 50% amanhã, sem garantia, porém de que realmente teria o dinheiro. Os trabalhadores não aceitaram. Hoje, a partir das 16h, acontece audiência entre as duas partes na Delegacia Regional do Trabalho.

O gerente operacional da empresa, José Luiz Piccoli, alega que está sem fluxo de caixa porque muitas prefeituras estão em débito com a empresa.

Os funcionários afirmam que entre as prefeituras mais devedoras estão Palhoça, São José, Florianópolis e Itapema. O secretário da Fazenda de Palhoça, Carlos Fernandes Junior, confirmou um débito de quatro anos. Entretanto, que nos últimos 10 meses, vem pagando R$ 100 mil a mais para abater a dívida.

Segundo a assessoria de imprensa de São José, a cidade deve cerca de R$ 5 milhões referentes a 2005 e 2006. O secretário de Finanças de Florianópolis, Augusto Hinckel, por sua vez, disse que a dívida para com a empresa está equacionada e que, hoje, serão repassados R$ 2,2 milhões à Proactiva.

(Cristina Vieira, DC, 12/04/2007)