Sistema para reutilizar água é proposto

A falta de água, desmatamentos e queimadas, aquecimento global, secas mais intensas e alagamentos nas cidades. Temas que se tornaram correntes em discursos, assuntos de livros e teses, entretanto de soluções com pouca aplicação. Mudanças de hábito podem gerar melhor utilização dos recursos, mas estruturas, sistemas e aparelhos devem ser investidos para que se possa diminuir os danos e desgastes do meio ambiente.

Será apresentado um projeto que obriga novas construções a instalar calhas para aproveitar águas da chuva e reutilizar em diversas possibilidades. “Vamos levar na sexta-feira ao prefeito Dário Berger, se ele nos receber, e apresentar também ao líder do governo na Assembléia Legislativa, João Henrique Blasi para oferecer a proposta de lei ao governador”, confirma o coordenador da Agenda 21 de Florianópolis, João Batista dos Santos, que fez estudos por um ano até chegar ao projeto final. Ele completa: “quem sabe a idéia pode vir a se tornar um projeto-piloto nacional?”, em referência as preocupações e estudos em andamento no Rio de Janeiro e São Paulo.

No sistema hidráulico, acrescenta-se tubulação que capta água dos chuveiros, das máquinas de lavar, piscinas e pias para serem reutilizadas em vasos sanitários, torneiras de jardins e calçadas.

Cisterna

“Já fizemos testes e a água é quase 60% limpa pois o sabão e detergente acumulam no fundo”, explica Santos, que tem o sistema em casa. Divide-se a cisterna em dois ou três compartimentos e assim a distribui para o devido fim.

“Quase 50% da água é desperdiçada, jogada fora”, alerta Santos. Pelos estudos, explica ele, uma família de cinco pessoas gasta em média mil litros por dia ou 30 mil litros de água por mês, e poderia economizar de 10 a 15 litros com o reaproveitamento dos recursos. “A mudança representaria um acréscimo de apenas 0,5% da construção civil e geraria uma economia de 50%”, defende Santos. A norma de adequação poderá ser implantada em pequenas pousadas, shoppings, condomínios e residências já construídos. “É fácil trocar o encanamento, é só querer”.

Sindicato da construção civil incentiva modelo em condomínios

O reaproveitamento das águas da chuva também está contemplado no projeto. A colocação de calhas para recolhimento das águas da chuva e reaproveitamos deste recurso poderia gerar uma economia de 80%, segundo Santos. Um reservatório com capacidade para cinco mil litros e tubulação de calhas podem garantir uma semana de abastecimento para uma família de cinco membros. “Todos querem trazer o turismo, mas não investem na estrutura. Os córregos estão secando, a bacia dos Ingleses já está esgotada, e a população reclama quando falta água, só que ninguém está se prevenindo. Precisamos fazer a nossa parte”, alerta Santos. O Sindicato das Empresas de Construção Civil (Sinduscon) já incentiva que as construtoras implantem um sistema pluvial em condomínios. Mesmo que o sistema não seja tão barato, o investimento vale a pena pela redução dos custos da água, como explica o diretor do Sinduscon, Robson Deschamps. “É bom para a cidade e para os cidadãos, traz benefícios ao economizar água da Casan e evitar enchentes”, conta.

A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) vem trabalhando com a conscientização para o uso racional de água e também de aproveitamento de recursos da chuva. Em Concórdia, por exemplo, alguns avicultores, suinocultores e escolas vão implantar um sistema que armazena água da chuva e distribui para lavar tanques e reprodutoes e resfriar telhados.
(A Notícia, 10/01/2007)