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Licença municipalizada
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Os pescadores da Ponta do Coral apresentaram ontem as provas do lançamento de lixo hospitalar num riacho que desemboca na avenida Beira-mar Norte, onde estão concentrados cerca de 60 ranchos de pesca, alguns ocupados por famílias. “Guardamos esse material para que as autoridades e os hospitais não possam nos desmentir”, disse o pescador Rogério Soares. “Tínhamos três vezes mais de lixo de hospital, mas uma parte foi enterrada e só sobrou isso que vocês estão vendo”, acrescentou.

Entre os materiais apresentados por Rogério e outros integrantes da Associação dos Pescadores da Ponta do Coral (APPC) estão mais de uma dezena de vidros pequenos, alguns com pedaços de órgãos humanos que podem ter sido usados em biópsias, além de seringas sem agulhas. “É até ruim a gente guardar isso, pois pode fazer mal à saúde, mas como em outras vezes nos desmentiram, guardamos tudo isso como prova”, destacou.

Na manhã de segunda-feira, técnicos do setor de Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde estiveram no local para fazer um levantamento da denúncia formulada pela APPC, o que vai servir de base para futuras ações do órgão. Além de terem estado na Ponta do Coral, eles foram até os hospitais Nereu Ramos e Infantil Joana de Gusmão, onde não encontraram nenhum tipo de lançamento irregular de esgotos ou lixos.

A sede regional da Epagri em Florianópolis, o antigo Promenor e o Lar Recanto do Carinho, também são investigados pela Vigilância Sanitária da Capital em relação aos esgotos. Segundo o técnico do órgão que esteve segunda-feira no local, Jaime Veras, o odor presente na Ponta do Coral, assim como a cor escura nas margens do riacho e areia da praia, são indicativos da presença de esgotos sem tratamento. Agora aparecem as provas de que materiais usados em hospitais estão chegando até a Beira-mar Norte.

Garis correm risco diario de contaminação

Os garis de Florianópolis correm riscos de contaminação todos os dias devido às diferentes determinações em relação ao lixo hospitalar, estabelecidas numa lei municipal de 2003, e em resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). O alerta é da chefe interina de coleta da Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap), Maria Cristina Monteiro de Carvalho, citando como exemplo o caso de um gari que teve um dedo furado pela agulha de uma seringa no lixo recolhido no Hospital Nereu Ramos.
“Imagine a cabeça desse profissional diante da possibilidade de ter sido contaminado”, destacou .

“Tivemos de fazer trabalho de acompanhamento psicológico com ele”, acrescentou. Segundo a legislação municipal, o lixo hospitalar deve ser acondicionado em recipentes que possam ser despejados nos caminhões de coleta sem o contato direto dos garis com os sacos de lixos. As resoluções da Anvisa e do Conama, por outro lado, obrigam a instalação de lixeiras fechadas de azulejo, onde os sacos são colocados e depois apanhados pelos garis.

O problema, segunda a dirigente da Comcap, acontece em vários hospitais de Florianópolis. “Encaminhamos ofícios solicitando a observância da legislação municipal, mas não recebemos retorno”, disse. O diretor administrativo do Nereu Ramos, Luciano Pereira, confirmou ter recebido a solicitação e afirmou que o assunto está sendo tratado pelo setor de prevenção à infecção hospitalar.

Segundo Pereira, todo o lixo hospitalar é depositado em sacos de cor branca e recolhido “por caminhões especiais”. Mas reconheçe que eventualmente algum material contaminado seja destinado ao lixo comum. Ele destacou que vai procurar o setor da Comcap responsável para coleta para obter as sugestões.

Hospital não descarta existência do problema

“Estamos preocupados com essa questão e realizamos uma investigação preliminar para saber a origem do problema, mas não encontramos nada”, disse ontem de manhã o diretor administrativo do Hospital Nereu Ramos, Marcelo José Pereira. “O problema é que existe uma única grande e antiga fossa séptica usada por outros órgãos nessa região”, destacou Pereira, se referindo ao Hospital Infantil, a unidade de Reabilitação e o Lar Recanto do Carinho.

“Pode ser que o problema exista e estamos preocupados”, destacou Pereira, que elabora relatório sobre o caso para ser enviado à Secretaria Estadual de Saúde, acompanhado de pedido de ajuda na elucidação do caso. O diretor administrativo do Hospital Infantil Joana de Gusmão, Paulo Berri, tem 95% de certeza de que o esgoto da unidade não está sendo lançado na avenida Beira-mar Norte.

Preocupação

Berri se reuniu ontem de manhã com os setores de controle de infecção hospitalar e de manutenção visando esclarecer a denúncia da Associação dos Pescadores da Ponta do Coral e as suspeitas da vigilância sanitária do município. “Apesar de todos estarem convictos de que nada está saindo daqui, restam os 5% de dúvida”, destacou. O setor de construção da Secretaria Estadual de Saúde também foi comunicado do problema e deve realizar investigações no local.
Independentemente de quem esteja lançando o esgoto e lixo hospitalar num curso d’água que desemboca no meio de um conjunto de 60 ranchos de pesca na avenida Beira-mar Norte, “nos preocupamos com essa situação”, destacou Berri. Ontem de manhã, ele encaminhou representantes do hospital para conversar com os pescadores da Ponta do Coral e se colocar à disposição para ajudar “no que for possível”.

Segundo ele, “de algum lugar esses lixo e esgoto estão saindo”, disse, defendendo a formação de uma parceria entre os veículos de comunicação da cidade, a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) e o setor de Vigilância Sanitária municipal para que possamos localizar a origem desse problema e dar uma solução”, acrescentou.
(Celso Martins, A Notícia, 19/09/2006)

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